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SentirAilha

Viva! Este é um espaço de encontro, interconhecimento e partilha. Sentir a ilha que cada um é, no mar de liberdade que todos une e separa... Piedade Lalanda

SentirAilha

Viva! Este é um espaço de encontro, interconhecimento e partilha. Sentir a ilha que cada um é, no mar de liberdade que todos une e separa... Piedade Lalanda

Tolerância relativa

 

Todos parecem aceitar e, sobretudo, acreditar nos benefícios da democracia e nas vantagens em viver num regime que respeite a liberdade individual e colectiva.
Queremos ser livres para pensar, agir, reunir em grupos e partilhar ideologias diferenciadas, o mesmo é dizer, debater sobre valores e orientações normativas que possam até ser contraditórias. Seja na escola, na família ou no parlamento, somos todos chamados a construir uma sociedade mais justa, o mesmo é dizer, mais humana. Porque de nada servem as instituições se elas não tiverem a cara e forem a voz de todas pessoas, as da primeira e as da última hora, as que deram muito como das que contribuíram com pouco.
Vivemos numa sociedade imperfeita, é certo, porque as normas ou regras que nos impomos a nós mesmos, nem sempre reflectem os valores que dizemos defender e, sobretudo, não são praticadas.
Defendemos um ideal, para o qual contribuímos pouco, na esperança que outros o concretizem. Acreditamos que é importante apostar na educação como pilar do desenvolvimento, mas impomos um modelo de ser cidadão desajustado das competências das crianças que não atingem os níveis definidos nos programas escolares. Acreditamos na saúde para todos, mas sabemos à partida que as condições habitacionais, o consumo de bens alimentares desajustados às necessidades e sobretudo uma atitude preventiva pode condicionar e comprometer essa saúde.
Afinal, damos dois passos em frente e um para trás, sempre que procuramos resolver os problemas que afligem os nossos concidadãos.
Dizemo-nos tolerantes e somos capazes de apregoar aos quatro ventos que no nosso país longe vão os tempos da exploração e do trabalho infantil, do racismo ou da discriminação social. Mas na prática, não queremos estar perto daqueles que consideramos diferentes e somos condescendentes com situações injustas.
Preferimos não ter de nos cruzar com quem não possui o mesmo nível económico e por isso, não nos aflige o facto de morarem na periferia ou frequentarem outra escola que não a dos nossos filhos.
Somos tolerantes até ao ponto em que não somos incomodados.
Julgamos, de forma irreflectida os que não conhecemos e apontamos todos os males a quem vive do outro lado, nesse lugar onde raramente passamos. Droga, violência, alcoolismo são males que rejeitamos e que atribuímos aos outros, esses com quem não convivemos. Até parece que não existem casos de toxicodependência, agressões e até situações de maus-tratos em famílias das nossas relações!
Mas afinal, que tolerância é essa que discrimina e só reconhece em si próprio virtudes?
A cidadania é uma condição e uma posição plural e implica que aprendamos a lidar com o lado sombra da sociedade, o mesmo é dizer, com o nosso próprio lado sombra.
Meter a sociedade, a que dizemos pertencer, numa redoma de vidro é viver de forma artificial, e contar um conto de fadas feito de fantasia, num cenário de papelão que se desfaz no fim da festa. Todos parecem se entender enquanto dura a peça, para se digladiarem nos bastidores, longe do olhar dos outros.
Tolerância até onde? Que limites colocamos à nossa capacidade de aceitar e compreender os outros? Os que são iguais a nós próprios? Qual a vantagem! Será que isso é ser tolerante e até que ponto estamos a construir uma sociedade de oportunidades, paritária e justa?
(publicado no Açoriano Oriental a 26 de Maio 2008)

A porta das traseiras

A casa, enquanto espaço, é mais do que o lugar onde moramos. É um território que construímos à imagem do que somos, do modo como nos relacionamos com quem vive debaixo do mesmo tecto e com os outros, os vizinhos, os familiares, os amigos e todos os outros. Numa casa, há sempre recantos, lugares privados que cada um acaba por reservar para si próprio; lugares marcados pelo quotidiano, pelas rotinas diárias e por momentos bons ou maus que vão transformando a casa numa pele que se veste, para nos sentirmos protegidos, amados e, sobretudo, que nos faz ser nós mesmos.

Claro que há sempre quem nunca pare em ramo verde, ou porque a profissão assim o exige, ou porque a casa é entendida como um lugar de passagem, que dura como uma paixão, efémera, repentina, que se apaga tão depressa como se acende. Mas, para muitos outros, a casa é como uma pessoa e, tal como no amor, a primeira casa nunca se esquece. Aprendemos a conhecer e aceitamos os seus defeitos da mesma forma que as suas qualidades. Até mudamos hábitos para nos adaptarmos ao espaço onde moramos. É em casa que estamos à vontade e, se um amigo nos visita, o mais certo é entrar pela porta de serviço, pelas traseiras, considerada por outros, como a entrada dos empregados, a porta da serventia. As visitas ou as pessoas importantes, ou pelo menos para as que assim se consideram, a entrada faz-se pela porta da frente. Pelas traseiras, pedem-se os favores, fazem-se as trocas de bens e acode-se em hora de aflição. “Oh vizinha, acabei o açúcar, empresta-me uma chávena! Amanhã devolvo.” Sempre aberta, a porta da serventia é uma entrada sem cerimónias, por onde todos podem passar, calçados ou não, com roupa de trabalho ou quando regressam da missa. Aberta sobre a cozinha, lugar principal nas casas rurais, a porta de serventia é por onde se entra todos os dias. De vez em quando, batem na porta da frente. “Estranho! Não deve ser alguém conhecido, porque os amigos, que não fazem cerimónia, esses entram pelas traseiras. Deixa-me tirar o avental, dar um jeito ao cabelo e lavar as mãos. Se é visita, convêm estar apresentável. Só espero que não seja um desses vendedores de banha da cobra, que procura impingir um electrodoméstico ou um colchão terapêutico. O melhor é abrir e não fazer esperar, pode ser urgente, se calhar é para assinar algum papel!”

Na frente da casa, há sempre uns objectos decorativos, que transformam a embelezam a entrada, mas que são pouco utilizados. No passado, havia mesmo quem reservasse o quarto da frente para uma ocasião especial, como o nascer ou o morrer. O quarto de estado assim se chamava. Nele dormiam os doentes ou os peregrinos, as visitas ou os familiares emigrados que sempre procuram a família quando a saudade aperta. Afinal quem bateu à porta era o senhor prior da freguesia. “Mas porque é que não entrou pelas traseiras? O senhor sabe que, consigo, não fazemos cerimónia!”. “Tinha receio que estivessem em trabalhos”, apressou-se a dizer o prior. “E estávamos, mas nos dias que correm, se queremos ter hortaliças, temos de cultivar a terra, arrancar as ervas e manter as pragas longe da fruta.”

A casa onde se mora é a marca de pertença, que enraíza no espaço os laços que se constroem e transformam a vida, turbulenta e difícil, num lugar de afectos.

Entrar pelas traseiras é como ser da família, é sentir-se em casa e abordar o espaço do outro pela porta da serventia, sem cerimónias nem protocolos, sem preconceitos nem receios, sem faz-de-conta ou disfarces, porque é nas traseiras que a vida, a autêntica, acontece.

(publicado no Açoriano Oriental a 19 de Maio 2008)

Segunda-feira da pombinha

Neste feriado misturam-se homenagens e sentimentos, uns mais ancestrais outros mais recentes. O dia da Região é, ao mesmo tempo, um dia de festa para os Açorianos que vivem a segunda-feira da pombinha, como oitava da festa do Espírito Santo; e a comemoração da Autonomia Regional que, desde há mais de trinta anos, enquadra a gestão política do arquipélago. Em comum, um traço único, a importância da proximidade e da unidade que transformam a diversidade insular em açorianidade. A irmandade do Espírito Santo que faz a festa, partilha a carne, o pão e o vinho ou as sopas, transforma uma rua ou uma localidade num espaço de festa, onde se esquecem desavenças, problemas e conflitos. Partilha-se a fartura e o prestígio e as bênções que a Coroa e a Bandeira, visitando várias casas durante sete Domingas, traz a cada família. A Autonomia regional transformou a diversidade na afirmação de uma identidade reconhecida, nos órgãos de poder próprio, e enraizada numa história e na açorianidade que sempre marcou a comunidade açoriana, onde quer que resida. A Autonomia não é apenas um quadro de referência política; é sobretudo a afirmação dessa identidade, durante demasiado tempo relegada para um plano secundário, ignorada pelo poder central que olhava para os Açores como ilhas “adjacentes”, longe da Metrópole, que alguns julgavam habitadas por indígenas e dotadas de caminhos de ferro. Passaram trinta anos e hoje, sobretudo para os jovens, viver isolados faz parte do passado. Para além dos aeroportos, as outras ilhas estão ao alcance de uma viagem de barco, a preço irrisório para quem tem menos de 24 anos; as escolas, estão acessíveis a todos e o prolongamento de estudos pode fazer-se até ao secundário em todas as ilhas, e o ensino superior é uma realidade. Os Açores dos novos tempos libertaram-se de um poder que esquecia e sobretudo desconhecia as necessidades destas comunidades, que vivem em espaços tão diferentes como o Corvo ou São Miguel; festejam as touradas na Terceira e o Senhor Santo Cristo em S.Miguel; comem rosquilhas no Pico ou bolos lêvedos nas Furnas. Hoje, a Região dotada de uma bandeira e de um hino, não é apenas um lugar de naturalidade ou residência, que se inscreve por acaso no bilhete de identidade, mas o sinónimo do enraizamento afectivo numa comunidade, que se cola à pele como parte do próprio ser. Ser açoriano, é ter orgulho de pertencer à terra onde se nasceu ou que se adoptou por residência, porque há muitos açorianos que, adoptando viver nesta terra, dela são filhos do coração. Ser açoriano não é um acaso, é ser dotado de uma fibra que estrutura a identidade, que mergulha os nossos ossos no mar, como diz Nemésio, e que se reconhece na melodia dos sotaques, na sonoridade de uma viola da terra e se vive de forma comunitária nas festas do Espírito Santo, seja na ilha ou nas comunidades emigradas, do Brasil ao Canadá. Hoje animados por esse Espírito, os açorianos assumem-se, como diz a letra do seu hino, como “um povo triunfal”, disposto sempre a lutar e a batalhar, porque a história de muitas gerações e de muitos autonomistas assim nos ensinou e o futuro das novas gerações assim o exige. Em Segunda-feira do Espírito Santo, comemoram a Autonomia, partilhando a fartura e a alegria, as bênções e a confiança que sempre animou esta gente. “Para a frente, Açorianos! Pela paz à terra unida. Largos voos, com ardor, firmamos, para que mais floresçam os ramos da vitória merecida.”

(publicado no Açoriano Oriental a 12 Maio 2008)

Sejam bem vindos!

A Região Açores apostou no turismo porque reconhece que estas ilhas têm potencialidades únicas para fazer deste sector de investimento um novo e importante pilar no desenvolvimento económico e social do arquipélago.

Somos uma região dotada de paisagens quase inalteradas, de níveis muito baixos de poluição, de recursos naturais e culturais que podem constituir, aquilo que os empresários do sector denominam, um pacote turístico.

Trazer visitantes em várias alturas do ano, sobretudo em épocas consideradas baixas, é um desafio que se coloca a todos os açorianos: aos que investiram em unidades hoteleiras ou restaurantes, agências de viagens e empresas de animação, e também a todos os outros, simples cidadãos anónimos que se cruzam com o visitante na rua e são, por vezes, abordados com um pedido de informação ou simplesmente se sentam na mesa do lado do restaurante.

Proporcionar uma experiência inesquecível ou mesmo motivar o turista para que volte é tarefa de todos e de cada um. O empregado que atende ao balcão e não sabe falar inglês nem consegue traduzir a ementa, raramente escrita em mais do que uma língua. O taxista que transporta o visitante aos locais mais emblemáticos e mal conhece a história dos Açores, ou simplesmente o cidadão que, passeando na rua, atira um papel de chocolate para o chão. Cada um, à sua maneira, constrói um traço negativo no acolhimento. Porque não bastam as paisagens. As pessoas são sempre a parte mais importante das comunidades. E quando os habitantes manifestam falta de civismo contribuem, de forma significativa, para criar uma imagem que não combina com a campanha que, por ventura, motivou o turista a visitar-nos.

Queremos turistas em épocas menos concorridas e, por isso, não raras vezes, criam-se eventos para os atrair; festas, bailes, festivais de música, concertos e um sem número de actividades que possam ser os ingredientes que levarão o turista a não se importar com a chuva que o impede de sair ou com o nevoeiro que tapa a vista do Rei.

Mas, se queremos turistas assíduos a todos esses eventos, então temos de os receber com civismo, com espírito de acolhimento e, sobretudo, com autenticidade. Que imagem levarão aqueles que nos visitam, quando se deparam com um recinto de festa, onde abunda o lixo no chão, garrafas atiradas a um canto, papéis esvoaçando e restos de comida com gordura que se pegam à calçada?

Será que é a gastronomia regional que se promove em barraquinhas sem condições? Que lugar se reserva à restauração, que tenta fazer negócio, mas que, na maioria dos casos vende uma água, um café, a pretexto de facilitar o acesso ao quarto de banho?

Que modelo de festa anima os nossos arraiais? Não estaremos nós a ser invadidos por vendedores de consumos, sem história nem identidade? Se não fossem as filarmónicas e as rifas do bazar, o que faria a diferença entre as Festas do Senhor Santo Cristo e tantas outras?

Importa preservar o que de mais genuíno possuem as festas locais, em particular, as de cariz religioso, como são, neste tempo, os impérios do Espírito Santo. É a nossa identidade, aliada às belezas da nossa terra, que pode e deve transformar o tempo de férias de um turista numa memória inesquecível e, quem sabe, num convite ao regresso, porque para os açorianos são todos bem-vindos!

(publicado no Açoriano Oriental a 5 Maio 2008)

É sempre com emoção…

Que se vivem as festas do Senhor Santo Cristo.

Emoção de quem há um ano não vê a imagem ou de quem há muitos anos, longe da terra natal, regressa pelas festas, alguns porque fizeram uma promessa que não querem deixar de cumprir.

Diante da imagem de um Cristo humilhado, que carrega nos ombros o desprezo, a violência de uma sociedade que não reconheceu nele o Rei, e o crucificou, como “o Homem” que se atreveu pregar o Amor e a Salvação pelo Perdão.

Diante deste rosto que não envelhece, criado por mãos humanas em busca do sentir divino, muitas lágrimas são derramadas, porque também sobre os ombros de quem olha, com emoção, o Senhor Santo Cristo, quantas vidas pesadas, quantas agressões sofridas e quantos problemas e dificuldades, doenças e limitações sem cura, sem solução à vista.

O ser humano precisa de esperança para acreditar em si, precisa de sentir que é possível, que as suas dificuldades podem ser ultrapassadas, vencidas, se tiver a força que vem do espírito. Talvez por isso, muitos não crentes se sentem tocados pela força desta imagem, e ficam impressionados com o culto ao Senhor Santo Cristo, que arrasta milhares de pessoas, num acto de fé.

Diante deste Cristo, muitos joelhos se vergam; sob o peso dos círios, homens e mulheres caminham pelas ruas da cidade, revelando ao mundo o peso da sua dor e da sua gratidão.

É difícil explicar porque este culto congrega tantos açorianos. Mas o certo é que há mais de três séculos, esta imagem, fabricada como outras por um artista, humaniza sob o olhar dos crentes, interpela e transforma-se, para muitos açorianos, num retrato vivo de alguém em quem acreditam. Não importa como, não importa porquê, o certo é muitos vêem no Senhor Santo Cristo, a expressão da dor vencida, a esperança que não morre, o milagre que é possível.

É a religiosidade de um povo que cresceu, apesar dos vulcões, dos sismos e da pirataria. Um povo que desbravou matas para fazer terras de pão e transformou os arados que não venciam a terra vulcânica, fez novos barcos para enfrentar o Altântico e adaptou a arquitectura das casas aos recursos de pedra das ilhas.

O Senhor Santo Cristo, as Festas do Espírito Santo e tantas outras expressões religiosas que marcam o calendário das comunidades destas ilhas, são o rosto de um povo de migrantes que do continente português veio e logo de início procurou em terras do Brasil, e depois na América do Norte e Canadá, melhor vida e melhor sorte.

Longe ou perto, é o coração que vibra,

Ao som do hino é a alma que se anima, diante desta imagem sofrida.

Longe ou perto, é com emoção que se reza

Palavras aprendidas ou dificuldades sentidas…

Oh Senhor, não te esqueças de mim, diante de ti rendido.

No teu sofrimento, carrega também o meu,

Tu que és esperança, atende ao meu pedido.

Longe ou perto, é o passado que se renova,

Nos pés descalços de mulheres e homens

Que carregam a cruz da vida, nos círios como prova.

Oh Senhor, não te esqueças de mim,

Longe ou perto te imploro,

Cuida das minhas feridas,

Porque as tuas quisera eu limpar,

Com as minhas lágrimas lavar.

(publicado no Açoriano Oriental a 28 de Abril 2008)

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