Horizonte eleitoral
As eleições aproximam-se! Os mandatos terminam e é tempo de avaliar o trabalho efectuado, contabilizar vitórias, reconhecer as falhas e perspectivar estratégias para enfrentar velhos ou novos problemas.
Em tempo de campanha todos comentam, discutem e opinam sobre o que está bem e o que precisa de ser mudado. É fundamental fazer balanços, que não sejam apenas actos de acusação, mas momentos de reflexão e participação activa, seja por parte de quem foi executivo, eleito, seja por parte de quem elege. Somos todos parte integrante da mesma comunidade e, por esse facto, cada um à sua maneira, é corresponsável pelos resultados das medidas entretanto aplicadas.
Um pouco por todo o lado, começam a surgir os sinais da campanha eleitoral. Frases, que apelam à consciência dos cidadãos, esvoaçam no meio de outras, de cariz mais comercial. Contrastes de ideias e de sentidos, que nos obrigam a reflectir sobre o que realmente pode motivar os eleitores e os faz acreditar no conteúdo dessas frases e nas pessoas que irão surgir em nome de cada um dos partidos.
Com as frases: “Uma nova ambição para os Açores” e “É bom ser Açoriano”, o Partido Socialista arrancou a pré campanha. Por sua vez, o Partido Social-Democrata apostou na expressão “Melhor é possível” associada a frases que tocam as angústias dos potenciais eleitores (listas de espera, desemprego), sentimentos que parecem partilhar os candidatos do PSD, na medida em que afirmam “temos muito em comum”.
Estas frases de campanha parecem configurar duas formas de encarar o futuro: o PS com uma visão positiva e enraizada no que de melhor têm as pessoas, a sua ambição de ser; e o PSD revelando um visão mais pessimista e ensombrada do quotidiano, que reforça a lamúria acomodada. Olhar em frente ou lamentar o presente, atitudes contrárias que fazem a diferença em política. A primeira apela à crença em si próprio e projecta o futuro sem desistir da ambição de construir uma sociedade mais desenvolvida, justa e respeitadora da igualdade de oportunidades e do bem comum. A queixa e a justificação permanente para os insucessos; a lamúria e o queixume mostram uma outra forma de fazer política, que se alimenta da crítica fácil, sem provocar a mudança. Identifica os efeitos secundários de medidas eficazes, realçando as dificuldades, sem reconhecer as transformações estruturais.
A política, como a vida, não é compatível com derrotismos e visões dramáticas e angustiadas da realidade.
Sem negar os problemas, há que os encarar com realismo e agir de forma a tocar a sua raiz. Porque a superficialidade até pode ficar bem, mas é cosmética que ilude e nada resolve.
Eleições! De novo confrontados com uma escolha. Pela leitura dos cartazes que começam a aparecer, uma conclusão podemos tirar: podemos escolher entre a esperança e a ambição de ser e de conseguir ou o pessimismo acomodado e a queixa de não ter conseguido.
(publicado no Açoriano Oriental de 25 Agosto 2008)