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SentirAilha

Viva! Este é um espaço de encontro, interconhecimento e partilha. Sentir a ilha que cada um é, no mar de liberdade que todos une e separa... Piedade Lalanda

SentirAilha

Viva! Este é um espaço de encontro, interconhecimento e partilha. Sentir a ilha que cada um é, no mar de liberdade que todos une e separa... Piedade Lalanda

O desafio da escrita

Quando temos dentro de nós a vontade de viver, de dizer ao mundo o que pensamos, não há idade ou condição que possa ou deva impedir essa vida de brotar. Tarde ou nunca, é o que adiamos ou aquilo que desistimos de fazer ou de ser.

Hoje, agora, é o momento para sermos, o tempo que nos oferece a vida para transformar o que sentimos e pensamos em escrita, no cuidado com que tratamos uma planta do jardim, no pormenor que imprimimos num bordado, na realização de uma receita, nas palavras com que acariciamos a existência.

Nunca é tarde para se ser o próprio e deixar uma marca.

Saramago é nesse sentido um exemplo. Assumiu que a sua vida não iria ficar reduzida a dois registos de nascimento e de óbito, como bem retratou no seu livro “Todos os nomes”, nem se limitaria à situação profissional que o curso de serralheiro lhe daria. Por isso, escolheu mergulhar em outros tempos e noutros mundos, em busca de personagens e emoções.

A leitura das obras deste Nobel escritor é uma descoberta, que nos transporta para uma outra dimensão da existência, onde se respira a liberdade de criar, ser e inventar. Não é evidente, não se vislumbra num primeiro olhar, para muitos, ilegível. Faltam os pontos e as vírgulas, falta o regulamento da escrita.

Mas, quando se vence as primeiras linhas dos seus textos, é como se atravessássemos uma cascata de água. Ler Saramago é ultrapassar esse desafio, libertar-se de regras, preconceitos e abrir os olhos a um outro mundo, que nos oferecem as páginas dos seus livros.

Descobri as cores do Alentejo e o grito calado dos alentejanos da sua infância, em “Levantados do Chão” e nas “Pequenas memórias”. Convivi com as figuras dos evangelhos, lado a lado com um Jesus do seu tempo, na obra incompreendida, “Evangelho segundo Jesus Cristo”. Senti o peso do trabalho árduo e as crenças dos homens que construíram o convento de Mafra, lendo o “Memorial”; a angústia de uma cidade onde a cegueira se alastra como praga e faz emergir uma humanidade despojada, no “Ensaio sobre a Cegueira” ou o labiríntico viver urbano, da “Caverna”.

A emoção destas viagens era por vezes tão forte, que tinha de fechar o livro, tal a intensidade das imagens que lia.

Saramago pinta as palavras com cores e recheia com emoções e odores os adjectivos, para nos fazer mergulhar num mundo, que se revela por detrás da “cascata” da sua escrita.

Os seus últimos livros, “A Viagem do Elefante” e “Caim”, proporcionam viagens mais curtas, mas onde o escritor mantém a mesma capacidade descritiva, numa ficção que incomoda, desnuda a realidade e obriga a pensar. Como disse Saramago, “Se podes olhar, vê. Se podes ver, repara”. A vida não pode ser apenas existir, porque só faz sentido quando a transformamos em experiência, emoção e desafio.

Deus, Jesus Cristo, a fé são temas relevantes na obra deste escritor que alguns teimam em rotular de ateu, herege. Nas suas páginas, explora-se a dúvida e questiona-se o sentido da existência humana que não é apenas matéria, mas que, como ele próprio afirmou, termina num metro quadrado de terra.

Tomara muitos dos que se dizem crentes assumirem com a mesma frontalidade, desassossego interior e desassombro, este confronto que diariamente coloca, frente a frente, a humanidade e o transcendente.

(publicado no Açoriano Oriental, a 28 Junho 2010)

Aberração

Não encontro adjectivo melhor para descrever a abusiva ocupação da praça Gonçalo Velho com uma iniciativa, supostamente de promoção desportiva, da câmara municipal de Ponta Delgada.

É uma aberração, porque a mensagem que fica é contrária ao que supostamente se pretende, promover o desporto, em particular o futebol, em tempos do mundial que decorre na África do Sul.

Não faz qualquer sentido ocupar um espaço público e esconder um monumento emblemático da cidade.

Como se pode circundar uma praça com rede, até ao limite dos passeios, impedir os peões de aceder a um espaço que lhes está reservado e, até, por em risco a segurança de quem vigia o que acontece dentro dessa enorme gaiola montada, obrigando a fazê-lo na via pública?

Se o que se pretende é promover o futebol infantil, para quê uma barraca a vender cervejas junto a esse pretenso campo de jogos?

E se não bastasse, monta-se um écran, do outro lado da praça, para uma plateia sem espaço!

Enfim, é uma verdadeira aberração.

Iniciativas como esta não contribuem para promover o desporto junto dos mais novos, porque não descentralizam e querem fazer crer que jogar num campo sem condições, por exemplo sem balneários, num espaço sujeito à poluição e ao ruído das viaturas automóveis, é uma forma de promoção de um estilo de vida saudável!

Se, por um lado, concordamos com a importância que se deve dar à actividade física, em particular aos jogos colectivos, não podemos deixar de afirmar que estes devem acontecer em espaços adequados, preferencialmente de forma descentralizada, incentivando os jovens das comunidades mais afastadas da cidade. É importante promover o futebol e outros desportos, nos campos de jogos das escolas, das casas do povo ou das juntas de freguesia, quantos deles à espera de uma vedação.

Mas, para que o desporto possa ser uma fonte de aprendizagem da cidadania, os eventos desportivos têm de respeitar o espaço público, o património construído e a natureza.

Há na cidade um campo de futebol municipal, que pode e deve ser utilizado para eventos desta natureza. Recentemente foi inaugurado o Parque Urbano, ignorado pela maioria dos habitantes da cidade, onde fazem falta eventos que promovam a actividade física dos mais ou menos jovens.

Abarracar o espaço público não promove a cidadania, mas antes passa uma mensagem de facilitismo e desrespeito.

Com um campo de futebol, montado em plena praça Gonçalo Velho, diante das Portas da Cidade, que lição de civismo se dá? Para não falar da má imagem que se oferece a quem nos visita. Alguém se lembraria de montar um campo de futebol junto à torre de Belém?

O património é de todos, seja construído ou natural.

Nesse contexto, qualquer actividade, desportiva, cultural ou outra, tem de respeitar o espaço em que se insere e desenvolve, potenciando a sua riqueza. Por isso, uma estrutura que se construa ou se monte, seja um campo desportivo, um palco de espectáculos ou um parque de campismo, não deve nem pode ser fonte de destruição, apropriação indevida ou poluição do património.

(publicado no Açoriano Oriental de 21 Junho de 2010)

Nunca baixar os braços

Eu hei-de conseguir! Não vou pedir ajuda, eu vou conseguir, reafirmava uma mãe sozinha, vivendo apenas com o salário mínimo de empregada doméstica e três filhos pequenos para criar.

A vida não lhe sorriu. Um dia, quando os filhos tinham todos menos de seis anos, o marido decidiu que talvez na América encontrasse uma vida melhor. Os pais haviam emigrado nos anos setenta e quase todos os seus irmãos viviam nos Estados Unidos. Talvez valesse a pena tentar a sorte!

A mulher receou mas aceitou ficar à espera de melhores dias.

Mas a sorte foi outra. Passado pouco tempo, deixou de receber notícias. O ganho que, supostamente, viria do outro lado do mar, foi apenas cem dólares que o marido enviou no primeiro mês. Depois, veio a falta de notícias e o abandono.

Confrontada com as despesas da casa, não desistiu de dar o melhor possível aos filhos. Se não havia dinheiro para os transportes, iriam a pé para a escola, mas faltar é que nem pensar. Sempre acreditou que o futuro seria melhor para eles, se conseguissem vencer a barreira do analfabetismo e da iliteracia que, infelizmente, marcou a geração dos avós e que ela própria acabou por sentir. Os pais não a deixaram estudar para além do 6º ano.

Viver com um salário mínimo, alimentar e educar três filhos pequenos não é fácil, quase parece impossível. Mas a coragem nunca lhe faltou.

Numa das visitas ao centro de saúde, a enfermeira falou-lhe do rendimento social de inserção. Porque não se candidata? Na sua situação tenho a certeza de que a vão poder ajudar. Sempre alivia o sufoco de pagar a água, a luz e as despesas básicas da casa.

Seria bom, respondeu, mas o que vão dizer as vizinhas?

Não quero ser tida por preguiçosa, malandra ou desmazelada. Eu sei cuidar dos meus filhos e faço tudo para que tenham uma vida digna. Não quero que lhes apontem o dedo na escola, por serem beneficiários do RSI. Isso nunca! Não quero ser dependente de nenhum apoio social, mesmo reconhecendo que preciso de ajuda.

Vivo com muito pouco e gostaria de poder dar melhores condições aos meus filhos, que merecem viver com dignidade e ter as mesmas oportunidades que os outros. Mas, se alguém me ajudar, não poderei dar em troca se não a certeza de que irei utilizar correctamente essa ajuda.

Trabalho durante o dia, cuido dos meus filhos à noite e limpo a casa até de madrugada. Deus sabe como luto para ter tudo em condições. Se, para ter um apoio do Estado, tenho de abandonar os meus filhos para prestar um qualquer outro serviço, sei que o não poderia fazer. Eles são pequeninos e precisam de mim, já que o pai os abandonou sem se preocupar.

Até posso requerer o rendimento social de inserção mas, não me peçam para deixar de viver com dignidade, de cabeça erguida. Quero poder ensinar os meus filhos a não terem vergonha de quem são.

A pobreza não envergonha. O que destrói as pessoas e as faz ter vergonha da sua condição é a desconfiança, o desprezo e a maledicência dos outros. É ser considerado um eterno devedor, culpado e rotulado por beneficiar de apoios.

Se, por ventura, me ajudarem, só posso assumir um compromisso, é que nunca baixarei os braços.

 (publicado no Açoriano Oriental de 14 Junho 2010)

Uma terra que dá tudo

O século XXI irá obrigar a humanidade a repensar o modelo de desenvolvimento assente no betão, que invade as terras de cultivo com construções em altura.

Se queremos viver mais tempo e melhor, há que moderar o fenómeno da motorização da mobilidade humana, investir na produção de alimentos frescos e reencontrar o equilíbrio entre a natureza e a acção humana, favorecendo uma maior qualidade ambiental, do ar e dos cursos de água, condição básica para termos uma vida saudável.

A terra, a natureza, não podem ser vistas como meros cenários de fotografia ou cartaz turístico.

Temos de preservar o seu valor como factor de produção de saúde, equilíbrio e, no caso das nossas ilhas, como elemento fundamental da nossa identidade.

Não podemos ser ilhas e querer viver, em cada uma delas, como se vive nas grandes cidades.

Para nós, a floresta, as ribeiras, os terrenos agrícolas e o mar são fontes de riqueza e traços que configuram a nossa história e o nosso modo de estar. Não queiramos imitar modelos que outros já abandonaram. Temos todas as condições para sermos diferentes, para viver melhor e de forma mais saudável e sustentável.

O século XXI coloca-nos um desafio ambiental, a busca do equilibro entre os recursos e a produção. É urgente valorizar a terra e o mar que nos circunda. Já fomos celeiro e pomar nos primeiros séculos do povoamento. Soubemos transformar o leite, a beterraba, o tabaco e o atum em indústrias, nos séculos XIX e XX. Soubemos reforçar e melhorar o sector dos serviços ao longo do séc. XX. Quais são os desafios que queremos atingir no século XXI?

O futuro está no equilíbrio e na qualidade. Temos de preservar os recursos naturais, diversificar a indústria e melhorar a qualidade dos serviços. Precisamos de planear o investimento, para que as gerações futuras não sofram com uma previsível escassez de alimentos e se vejam emparedadas num qualquer edifício, olhando as flores que murcham nos vasos da varanda.

Se queremos garantir o futuro, é fundamental revalorizar o trabalho da terra. Uma actividade cada vez mais exigente, no controlo ambiental, no aproveitamento de recursos, na investigação que permite adequar as produções às condições climatéricas e ao potencial dos solos.

A nossa terra dá tudo! Sempre deu! Dizem os mais antigos.

O que falta é mão-de-obra, referem os empresários agrícolas!

Mas se há terras subaproveitadas e necessidade de incrementar a actividade, por ventura o que falta é dignificar o trabalho agrícola, qualificar a mão-de-obra e melhorar os métodos de produção.

Faz algum sentido que a Região importe a grande maioria dos produtos hortícolas que consome? Faz algum sentido que não se venda leite “do dia” numa terra de lacticínios? Ou que nos hotéis não se promovam os produtos locais, desde o chá às compotas? Por que motivo ainda há restaurantes que não valorizam a qualidade da carne, do peixe e de tantos outros produtos locais?

As nossas terras não precisam de rega; podem produzir sem recurso a processos intensivos e, quando bem geridas, são rentáveis na produção de hortícolas, de todas as espécies, flores das mais variadas cores, vinho, cereais, frutas tropicais e até café.

A nossa terra dá tudo. Só precisa que em troca, lhe demos trabalho e respeito.

(publicado no Açoriano Oriental, 7 Junho 2010)

Desemprego

O desemprego é sem dúvida a face mais visível da crise económica, a consequência directa do encerramento de empresas e da perda de vínculo laboral de muitas pessoas.

Quando uma entidade empresarial fecha portas interrompe, de forma dramática, o percurso profissional dos seus trabalhadores. Muitos confundiam a sua vida pessoal com a permanência nessa empresa, onde entraram ainda adolescentes e onde aprenderam a ser adultos. Era um emprego “para a vida”, julgavam. Por isso, quando se confrontam com a condição de desempregado, têm dificuldade em encarar um novo começo, uma nova carreira. Afinal, eram reconhecidos como mestres e agora pedem-lhes para serem “aprendizes”, quando já ultrapassaram os cinquenta anos de idade!

O desemprego é um grave problema social com consequências dramáticas para muitas famílias. Se a condição de desempregado se prolonga no tempo, não raras vezes, perde-se a disciplina que o horário de trabalho conferia, perdem-se referências de valor social e acrescem os conflitos na família, inclusive pode ser causa de divórcio. Sem emprego, e muitas vezes sem trabalho, são mais frequentes os comportamentos anti-sociais, a agressividade e os consumos alcoólicos ou até os actos criminosos.

A raiva com que se encara a condição de “desnecessário” ou “dispensável” alimenta o desespero e destrói, aos poucos, a vontade de reactivar a condição de trabalhador.

A instalação numa condição de subsidiado pode contrariar o espírito proactivo e empreendedor que se exige a quem valoriza o trabalho como inclusão social. Por isso, o desemprego prolongado é hoje uma nova forma de exclusão social.

Evitar que um trabalhador, que foi confrontado com a perda do seu posto de trabalho, permaneça demasiado tempo fora do mercado de emprego é hoje um objectivo prioritário de todos os governos. Não se trata de combater a preguiça, mas de evitar a instalação dos desempregados numa condição que afecta, de forma directa e profunda, o seu projecto de vida, a sua auto-estima e estima social.

É importante que o desempregado, que se viu privado da condição de produtor, encontre uma alternativa e aceite recomeçar, por ventura numa actividade diferente que exige reaprendizagem profissional, e reencontre a dignidade que o trabalho, enquanto serviço, confere.

Todos reconhecemos o valor social do trabalho, mas infelizmente, nem sempre dignificamos todas as áreas de produção de riqueza. Olhamos de través para um varredor, um camponês ou um pescador. Aceitamos mal que alguém com o secundário sirva à mesa num restaurante ou venda parafusos numa loja. Não vemos com bons olhos um engenheiro a ordenhar vacas ou a plantar flores numa estufa. Afinal, tirou um curso superior para ter um “trabalho limpo”.

O desemprego é um problema actual, espelho da crise económica que afecta o mundo e que também atinge a nossa região. Por esse motivo, o governo regional tem apostado na requalificação dos desempregados e no apoio aos empreendedores.

Há que reconhecer que, hoje em dia, um percurso activo constrói-se com sucessivas experiências e longe vão os tempos dos “empregos para a vida”.

O importante é agarrar as oportunidades que facilitam a afirmação e o desenvolvimento de competências, implicam esforço, profissionalismo e contribuem para a melhoria das condições de vida, do trabalhador e dos outros.

(publicado no AO de 31 Maio 2010)

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