Os heróis salvadores
Infelizmente há quem ainda pense que pode ser um herói salvador quando intervem junto de pessoas ou comunidades desfavorecidas.
Sem perceber a raiz dos problemas, procura envernizar as vidas dos que são diferentes, no modo de estar, de falar ou de se comportar.
Sem alterar as causas da desorganização social em que vivem os que procuram ajudar, enquadra temporariamente essas pessoas, numa semana de festas e brincadeiras, iludindo a realidade em que vivem no resto do ano.
Quando a acção de uma entidade, seja religiosa ou civil, governamental ou associativa, beneficiar mais quem dá do que quem recebe, é porque se trata de caridade e pacificação de consciências intranquilas.
Quando a ajuda transforma quem dá em melhor cidadão do que quem é ajudado, o sentido da acção está invertido.
Dizem as bem-aventuranças que se deve dar de comer a quem tem fome, porque há horas em que a urgência supera qualquer análise. Mas se não queremos que no dia seguinte, essa pessoa volte a pedir de comer, a dádiva tem de libertar quem é ajudado.
Quem passa dificuldades normalmente vive à margem, sem espaço para se descobrir como pessoa, só conhece as necessidades, mas não é capaz de pensar uma estratégia para obter respostas. Não planeia nem aspira, espera, espera e, por vezes reivindica que lhe dêem... porque precisa....
Infelizmente, dar, assistir nem sempre liberta quem é assistido. Substitui-se a carência pela dependência.