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Viva! Este é um espaço de encontro, interconhecimento e partilha. Sentir a ilha que cada um é, no mar de liberdade que todos une e separa... Piedade Lalanda

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Os outros, como justificação

Quando a crise despoletou em 2009, as atenções voltaram-se para o governo da república e não faltaram vozes acusando-o de má gestão e gastos excessivos. Ainda há dias, a presidente da Câmara Municipal de Ponta Delgada justificou os cortes nas verbas atribuídas pela autarquia às associações desportivas e culturais do concelho, com falta de recursos devido ao “desgoverno e esbanjamento de dinheiros públicos durante muitos anos”. Justificou-se com os erros dos outros, para não ter de assumir os que comete na autarquia de Ponta Delgada.

Como se explica que não haja dinheiro para apoiar aqueles que promovem, com espírito de voluntariado em muitos casos, a actividade cultural e desportiva nas freguesias, e ao mesmo tempo o município gasta mais de 600.000 euros só no projecto do museu de arte contemporânea, para não falar das deslocações ao Brasil e às Astúrias, supostamente para fazer entrar esse Museu numa rede internacional. A justificação era simples, referia a presidente da câmara numa sessão da Assembleia Municipal, era preciso aproveitar verbas provenientes de fundos europeus, que afinal ficaram adiadas porque os 15% que compete à autarquia pagar, sobre a previsão de uma obra que vai custar sete milhões, é muito dinheiro.

Mas para quê gastar, desta forma, 600.000 do orçamento municipal destinado às actividades culturais?
Não terá sido inconsequente esta despesa, que daria para manter ou até aumentar o apoio às associações sedeadas no concelho?  

Afinal, o município de Ponta Delgada também geriu mal as suas despesas, quando revela ser incapaz de manter o apoio que é devido às juntas de freguesia, às associações locais, e abdica de promover um desenvolvimento descentralizado do concelho, em troca de projectos desajustados e irrealistas, de duvidosa sustentabilidade no futuro.

É preciso falar verdade, mas isso não significa apontar o dedo aos outros para se justificar.
Falar verdade é assumir erros e rever estratégias, para concretizar objectivos que se pregam, mas que nem sempre se cumprem.

Utilizar os outros como justificação é um argumento gasto.

Que verdade é essa que substancia a afirmação da presidente da maior autarquia dos Açores, quando afirma que “só iremos ultrapassar a situação com a criação de emprego e de riqueza que possa ser distribuída com justiça social para todos” (cit.) e, no mesmo dia, é publicada uma notícia informando que o Coliseu Micaelense, empresa de capital municipal, em vez de contratar o fornecimento de produtos da Melo Abreu, patrocinadora de outros eventos da autarquia, opta por produtos fora da região, agravando a situação de uma marca, que necessita de sustentabilidade e, sobretudo, que precisa da promoção que devemos dar à produção regional.

De nada serve justificar os erros com a responsabilidade, ou a falta dela, imputada aos outros.

Todos temos de contribuir, de repensar a nossa acção e de rever prioridades, sabendo avaliar e antecipar o impacto que as nossas decisões podem ter na vida desses outros.

(publicado no Açoriano Oriental a 1 Agosto 2011)

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