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SentirAilha

Viva! Este é um espaço de encontro, interconhecimento e partilha. Sentir a ilha que cada um é, no mar de liberdade que todos une e separa... Piedade Lalanda

SentirAilha

Viva! Este é um espaço de encontro, interconhecimento e partilha. Sentir a ilha que cada um é, no mar de liberdade que todos une e separa... Piedade Lalanda

A história somos nós que a escrevemos

O grupo de trabalho, nomeado pelo governo da república, para estudar o serviço público de televisão concluiu que a RTP Açores e a RTP Madeira cumpriram a sua missão histórica de afirmação das autonomias e de ligação entre si e ao Continente.

 

Desde quando alguém dita, através de um relatório, o percurso de uma região, a história de um povo?

A história não se muda por causa de um texto escrito à distância, por quem, provavelmente, não conhece a realidade sobre a qual escreve ou, como dizem os anglo-saxónicos, é incapaz de se por nos seus “sapatos”, para imaginar a vida dos insulares.

A história de um povo não se dita num relatório, porque é construída por pessoas, por um povo, numa relação diária com um território e as suas circunstâncias. 

Porque não conhecem as autonomias, os “peritos” deste grupo de trabalho analisaram as emissões regionais, como quem fala de um desperdício, um custo que sobrecarrega a empresa sedeada em Lisboa.

A televisão sempre foi uma janela que transporta quem vê para um mundo que desconhece e, sem sair do lugar, recebe esse mundo, por vezes de forma dramática, ou fantasiada, feito histórias de novela, séries de ficção ou notícias.

A televisão regional sempre tentou ser mais do que uma janela sobre o mundo, trazendo para a casa de cada açoriano a realidade tão próxima e tão distante das outras ilhas. Por muito que nos afirmemos como açorianos, muitos desconhecem a realidade do arquipélago.

Nesse sentido, as emissões da RTP-A ligaram, com imagens e som, as nove ilhas açorianas. As notícias deixaram de ser apenas as que contavam as vizinhas ou eram escritas nos jornais locais, para passarem a ter uma dimensão regional. Os Açores reencontraram-se, na sua diversidade e beleza.

Muitos dirão que esta televisão regional podia ser muito mais, melhor na programação, mais atrativa no formato, melhor equipada! Enfim, a televisão insular devia ser um projeto televisivo com mais produção regional e menos difusão nacional ou internacional. Mas isso é desejar um novo capítulo para a televisão regional e não decretar o seu fim.

Até porque, ao contrário do que diziam os ditos peritos do grupo de trabalho, a missão da RTP-A não é ligar os Açores ao continente, mas ligar as ilhas entre si e com o mundo.

Ser serviço público de televisão nos Açores é ser um elo numa região descontínua; uma voz que constrói a identidade regional, sem abafar o sentir de cada uma das ilhas; um meio de divulgar e potenciar as diferenças e um ponto de encontro.

 

Todos sabemos que a distância só se torna mais curta quando se reforça a comunicação.
E comunicação também é televisão, porque se partilham memórias e se contam histórias de vida, se ouvem pessoas e se procura educar as populações.
Comunicar é lutar contra o isolamento, que durante séculos condicionou o viver insular.

 

Longe vai o tempo, em que os barcos ou vapores eram motivo de festa e a rádio mal se ouvia em todas as ilhas, em que as cartas vinham de barco e só por telegrama se podia mandar uma notícia do dia.

 

A história dos Açores fez-se e faz-se de ligações, que se constroem entre ilhas e com o mundo, no interconhecimento e na abertura, na redescoberta das capacidades próprias e na divulgação do que somos e fazemos. 

 

A televisão regional faz parte desta história, que a nós cabe escrever.

(publicado no Açoriano Oriental, 13 Dezembro 2012)

Televisão para insulares

Ao contrário do que afirmou o Ministro Relvas os açorianos não são “portugueses como os do continente”, nem nunca serão.

Não importa onde nasceram, se nas ilhas, no helicóptero ou na lancha, no continente ou até noutro país. Quem vive nos Açores sabe bem que a portugalidade nestas terras tem identidade própria. Faz-se da integração do mar como estrada, dos sismos como dimensão geofísica, de ventos fortes como isolamento, da distância que limita e da relação com uma natureza prodigiosa, quepacifica e reforça a liberdade interior.

Quem vive e ama os Açores reconhece que a autonomia não é um privilégio, mas o direito a assumir responsabilidades de forma descentralizada, sem afastar ou isolar mas tornando interdependentes, as regiões com o todo nacional.

A instauração dos órgãos de governo próprio em 1976 culminou uma luta de séculos, pela autonomia e a afirmação de um povo com cinco séculos, que sempre reivindicou um tratamento diferenciado e específico e o respeito pela dignidade e a capacidade de decisão adequada à realidade do viver nestas
ilhas.

Centralistas, sempre houve, sobretudo aqueles que nunca deixaram de classificar e de sentir as ilhas como adjacentes ou que sendo insulares têm vergonha de defender o que é “nosso”.

Soa bem ao ouvido dos centralistas os comentários do ministro Relvas, ditos em tom de desprezo, com alguma pontinha de sobranceria, fazendo estalar a língua e tirando os óculos, qual professor que anuncia a negativa no teste: “24 milhões! É muito dinheiro, quando os habitantes locais têm acesso a outras antenas da RTP, como os portugueses do continente”.

Muito dinheiro, despesa que o país, aparentemente, não pode suportar. Pena é que não se diga que esse montante representa 3% do orçamento da estação pública de televisão e que o centro regional dos Açores data de 1975, contemporâneo da instauração do regime autonómico, do qual é parte integrante, e que muito contribui para o inter-conhecimento dos açorianos e a sua afirmação no mundo. E o que dizer de outros canais, criados muito depois, como a RTP-I (1992), RTP-África (1998) ou a RTP-N (2004)? Quanto custam? Qual a percentagem de programação própria, por exemplo da RTP-I ou da RTP-África?

Nas palavras do Sr. Ministro, o serviço público deve ser enlatado em “quatro horas de emissão regional”, quando nem no primeiro dia, a 10 de Agosto de 1975, tal aconteceu. Mas afinal, quais são as conclusões do grupo de trabalho sobre o serviço público de televisão, onde os Açores não tiveram direito de representação?

Muito dinheiro? Quase nada! Se considerarmos, por exemplo, que os direitos de transmissão dos jogos da Liga de futebol para a época 2012/2013 vão custar 50 milhões à Sport TV (C.M 23 Out.2010) ou que um jogador do futebol português foi vendido por 40 milhões a um clube espanhol.

Defender um canal de televisão dos Açores é defender a autonomia, o direito à diferença e à especificidade açoriana e reivindicar um melhor serviço público que seja mais pedagógico, divulgue informação rigorosa e continue a ser o elo de união entre açorianos, onde quer que vivam.

(publicado no Açoriano Oriental, 5 Setembro 2011)

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