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SentirAilha

Viva! Este é um espaço de encontro, interconhecimento e partilha. Sentir a ilha que cada um é, no mar de liberdade que todos une e separa... Piedade Lalanda

SentirAilha

Viva! Este é um espaço de encontro, interconhecimento e partilha. Sentir a ilha que cada um é, no mar de liberdade que todos une e separa... Piedade Lalanda

A parte do todo

Se cada um fizesse a sua parte, o mundo seria bem diferente.

Se cada um assumisse a sua quota-parte de responsabilidade, quando desempenha as suas funções, o mundo seria bem melhor, o desperdício seria mínimo e a rentabilidade duplicaria.

Infelizmente o jogo do empurra é habitual e recorrente. Atrasos que se somam com outros atrasos, prazos que se queimam e que comprometem as etapas seguintes; desleixo na execução de tarefas, que implicam retrocessos na elaboração de um projecto são práticas correntes e frequentes, nem sempre penalizadoras para quem assim age.

Se perguntarmos a uma equipa de construção, o que cada um fez para que um determinado edifício fosse erguido, por ventura todos saberão identificar as tarefas desempenhadas.

Mas, quando um defeito é identificado numa dessas paredes, ninguém dará um passo para reconhecer que isso se deve a uma falha sua. Será por causa da humidade, do tempo de secagem, da chefia que mandou, da qualidade do cimento ou dos blocos que não eram os melhores. Tudo servirá para justificar o erro e ninguém quererá assumir que não fez bem a sua parte.

Se cada um fizesse a sua parte, o mundo seria mais feliz. Evitavam-se tantos desperdícios, de tempo, de esforço infrutífero, sobretudo quando os erros cometidos são descobertos tarde demais.

Se cada um fizesse a sua parte, seriamos muito mais produtivos, porque desde logo os prazos seriam cumpridos, os planos concretizados nas suas várias etapas e as datas limites, uma referência cumprida.

Ao invés, e porque a cultura do empurra está instituída, uma data limite é quase sempre o primeiro dia de um prazo extra, o início da prorrogação, o princípio de um adiamento sucessivo.

Se cada um fizesse a sua parte, o trabalho em rede seria uma realidade, a cooperação uma forma de trabalho e as abordagens seriam plurais e complementares, porque cada um enriqueceria o trabalho do outro e não perderia tempo a refazê-lo ou a desfazê-lo, como habitualmente acontece.

Se cada um fizesse a sua parte, não haveria necessidade de resolver problemas sob pressão, em cima do joelho ou quando os prazos estão prestes a chegar ao fim. Bastaria que quem tem de decidir o fizesse, e assim permitir que outros executem. Por vezes a tarefa resume-se a um telefonema, o envio de uma mensagem ou o estabelecimento de uma ligação entre pessoas afastadas, que devem cooperar.

Infelizmente, há pessoas que gostam de complicar ou de enredar; têm dificuldade em assumir responsabilidades por isso emperram e empurram para outros e nunca levam uma tarefa até ao fim.

Fazer a sua parte é reconhecer, com humildade, que ninguém é o único detentor da verdade, do saber ou do poder. Onde quer que estejamos, há sempre laços que nos enquadram, uma equipa a que pertencemos, um grupo onde temos um lugar e um papel a desempenhar.

Ser parte de um todo é reconhecer a importância da cooperação como forma de estar na vida. E, cooperar é comunicar. O inverso é enredar, gerar a confusão, adiando a resolução dos problemas ou a execução das tarefas.

Se cada um fizesse a sua parte, a vida seria bem melhor.

(publicado no Açoriano Oriental de 27 Outubro 2008)

Ser parte da alegria

É bom saber que se pode ser parte da alegria dos outros.

Contribuir para a felicidade de alguém é um desafio que a todos se coloca. Sentir-se bem com a vida passa também pelo bem que aos outros se proporciona. Mas, nem sempre se tem consciência do quanto se pode fazer os outros felizes; do quanto uma palavra oportuna ou um pequeno gesto espontâneo podem afectar os que nos rodeiam.

Contribuir para a alegria dos outros é bom, sabe bem, porque constrói laços positivos e, como se costuma dizer, “ninguém é feliz sozinho”. Fazemos os outros felizes quando partilhamos sucessos, alegrias e o esforço que colocamos para atingir um objectivo.

Fazemos os outros felizes quando somos presença e atenção, quando eles mais precisam; somos resposta às dúvidas ou, simplesmente, somos ouvidos que escutam mágoas que não se resolvem, mas que a partilha alivia. É bom olhar para trás e recordar esses momentos e o olhar de espanto das pessoas alegres por nos verem crescer, felizes com o nosso próprio sucesso.

É bom ser parte da alegria dos outros, ser parte da felicidade e não do problema que aflige quem nos rodeia.

Mas, a vida nunca é um mar de rosas, tem sempre espinhos e, quase diria, ainda bem. Não lhe daríamos o devido valor se não acontecessem dificuldades. E viver com essas dificuldades é também assumir, olhando o percurso vivido, as decisões erradas, as palavras agressivas, o sofrimento causado aos outros. Quem afirma, “ninguém tem nada com a minha vida”, ignora que os percursos se cruzam, desde logo quando nascemos, quando fazemos amizades e descobrimos o amor. A vida de cada um liga-se à vida de outros, por fios transparentes de afectos que aproximam ou afastam, que suportam ou amarram. E é por essa teia que passam os sofrimentos e as alegrias, a força e o abandono, a coragem e o desespero. Reconhecer que se foi, ou que se pode ser, parte da alegria de alguém é reconhecer os laços que unem as pessoas e que as tornam felizes.

Para alguns ver os outros felizes parece uma utopia. Sofrem por verem um filho ou um amigo preso à droga ou ao álcool. Felizmente, há quem se liberte dessas dependências e recupere a felicidade, porque reconheceu que essa alienação era parte do sofrimento de alguém, mãe, esposa ou filho. Para se mudar de vida, é forçoso que se avalie o percurso vivido e se pare para reconhecer o que de menos bom se fez, se disse ou se mostrou aos outros. Só depois desse balanço, desfiados os momentos de maior sofrimento, tal como nos rituais de iniciação, se pode (re)começar de novo e, desta feita, passar a fazer parte da alegria dos outros.

Ser parte da felicidade dos outros é um desafio que se concretiza quando se vive com espírito de serviço no trabalho, no atendimento às pessoas, no rigor com que se executa cada tarefa, no bem que se faz aos outros; proporcionando uma boa aula, fabricando artigos de qualidade, prestando serviços profissionais ou simplesmente, vivendo cada dia da melhor forma.

A minha felicidade passa também pela felicidade que proporciono aos outros.

(publicado no Açoriano Oriental de 20 Outubro 2008)

Confundir para reinar

Nesta campanha eleitoral para as legislativas há quem queira confundir, por ventura com a pretensão de assim poder reinar.

Quando foram divulgadas as listas do PSD, a presença de três autarcas de S. Miguel foi objecto de reacções de vária ordem, inclusive levou ao parecer da CNE confirmando a obrigação de suspensão do mandato por parte desses candidatos, como determina a lei.

Mas essa seria uma consequência de menor valia, não fora a confusão que pretendem criar no acto eleitoral, particularmente nas freguesias de Ponta Delgada, nomeando a candidata a deputada como Presidente (da Câmara Municipal de Ponta Delgada). Fazem por esquecer as próprias palavras da Dra. Berta Cabral, quando afirmou que o seu compromisso é com os munícipes de Ponta Delgada. E o que a leva apelar ao voto nas legislativas? Um teste à sua popularidade, quem sabe para depois avaliar, por comparação com o verdadeiro candidato do PSD a Presidente do governo, o Dr. Costa Neves, quem dos dois tem maior popularidade junto do eleitorado social-democrata?

As eleições Regionais deveriam merecer mais respeito por parte dos candidatos. Integrar uma lista é assumir um compromisso com os eleitores, é dar corpo a um projecto político, é demonstrar disponibilidade para servir, neste caso no órgão máximo do poder regional, a Assembleia Legislativa da Região Autónoma dos Açores. “Ninguém pode servir a dois senhores”, nem se pode ser eleito para ocupar em simultâneo dois lugares. Se o cargo de Presidente da maior autarquia dos Açores merece o respeito que a Dra. Berta Cabral pretende demonstrar, o que espera conseguir com estas eleições regionais? Ir buscar votos à custa do prestígio que a Câmara lhe dá, para depois, saltar do barco quando este começar a andar?

Ser eleito é um privilégio que se deve à confiança que os eleitores depositam num grupo de pessoas, que hoje escolhem e amanhã avaliam no trabalho que desenvolvem. Trair essa confiança é servir-se desse lugar e do prestígio que essa posição pode trazer e iludir o eleitorado.

Se esta confusão ocorre, em parte também se deve ao baixo grau de literacia política do nosso povo. As suas preocupações oscilam muitas vezes entre o que podem esperar da junta de freguesia, da Câmara ou do Governo. E nem sempre estes três níveis de intervenção estão claros e são complementares. Perante mais um acto eleitoral e enfrentando candidatos que são eles próprios presidentes de câmara, um eleitor menos esclarecido pode ficar confundido.

Felizmente, apesar do risco que a confusão lançada pode vir a criar, acreditamos que o povo açoriano está mais maduro, mais consciente e atento e, ao contrário do que esses candidatos esperam, irá destrinçar as águas e escolher quem realmente quer para Presidente do Governo.

Estas são eleições para o Parlamento regional e o voto de cada cidadão deve contribuir para escolher a lista que, em cada uma das ilhas, reúne os melhores candidatos, que aceitam estar ao serviço da Assembleia ou do Governo que dela emanar e estão dispostos a colocar o seu esforço em prol do desenvolvimento dos Açores!

(publicado no Açoriano Oriental de 13 Outubro 2008)

Em campanha!

O povo é sábio e crítico. Sabe quem quer ver a governar na sua junta de freguesia, na câmara ou no governo. Aposta nas pessoas e avalia, dia após dia, o trabalho e o empenho que cada governante coloca na sua actuação.

Todos os pequenos ou grandes gestos contam. A atenção com que escutaram as suas preocupações, a rapidez com que um problema ficou resolvido ou a frontalidade com que recusaram um outro pedido. Em todas estas ocasiões, os políticos são avaliados, considerados ou não. E o povo sabe bem o que pode esperar de cada um deles.

Não vale a pena evitar o contacto, por medo das reclamações ou do desespero daqueles que ainda esperam. Mais vale uma explicação fundamentada, porque há sempre razões que todos entendem, do que disfarçar esquecimentos e manipular com palavras vazias de conteúdo.

Em tempo de campanha eleitoral é escusado deitar abaixo o que é obra consolidada, porque as pessoas sabem reconhecer o trabalho feito. De nada serve procurar fragilidades pessoais para derrubar um adversário. É pela positiva que os candidatos se devem mostrar, porque é dessa força que as pessoas precisam. Precisam de sentir que, mesmo esporádica, a visita dos candidatos à sua rua é importante. Podem falar das necessidades da sua freguesia, muitas vezes do lugar ou da rua onde moram e assim, lembrar a quem está no governo, a quem ocupa um lugar no Parlamento ou num órgão de poder local, que para se ser feliz não bastam obras, se elas se transformarem em lugares sem uso, não bastam estradas, se elas não melhorarem o acesso das pessoas ao trabalho, aos hospitais e às escolas.

Durante a campanha eleitoral, sentimos o quão importante são os afectos, o contacto pessoal e o carinho com que as pessoas recebem quem lhes estende a mão para dizer “bom dia, não se esqueça de votar”, porque é a sua oportunidade de escolher quem a governa. Mas, apesar de vivermos em democracia há mais de trinta anos, há ainda quem não valorize este direito e não esteja recenseado. Porque não vale a pena, o governo não me agrada, diz um jovem! E então, vais deixar que outros escolham o governo sem a tua participação? Incoerências e inconsistências de uma cidadania pouco activa.

Não longe deste jovem, uma senhora de noventa anos acolhe com alegria a perspectiva de votar. Nunca fico em casa no “dia dos votos”. É reconfortante ver os mais idosos entusiasmados com as eleições, usufruindo de um direito que lhes foi negado no passado, sem medo que “alguém lhe corte a pensão”.

Por estranho que pareça, são os jovens que importa cativar, pois muitos não dão importância ao acto eleitoral, quem sabe porque sempre viveram em liberdade. Será altura de questionar e equacionar o papel da escola nesta matéria e retomar a formação cívica dos mais novos, apostando na formação política dessas gerações, como outrora os seus pais receberam em disciplinas como “introdução à política”.

Campanha, tempo de avivar a consciência cívica e relembrar o direito e o dever que todos tempos de votar.

(publicado no Açoriano Oriental de 6 de Outubro 2008)

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