Acho que os açorianos são portugueses*
Há ainda quem sinta necessidade em adjectivar o ser açoriano com a etiqueta "português". Não me parece que tal aconteça quando se fala dos residentes em outras regiões do país. Alentejanos, algarvios, transmontanos ou minhotos, são definitivamente portugueses que vivem nessas regiões do país.
Viver numa região insular, ter uma ilha como território de pertença, longe do rectangulo continental, faz toda a diferença. Para alguns continentais, as ilhas dão corpo ao sentido do que entendem ser uma região.
Ao contrário do que poderão pensar muitos continentais, sobretudo os que residem em Lisboa ou na suas redondezas, uma região não é apenas uma parcela de território, um tracejado ligeiro num mapa, que nem se reconhece quando se transpõe.
Uma região é um traço de identidade que se reflecte na voz, nas tradições e na história. Uma referência que marca as pessoas e deixa marcas na memória. Não se dilui no todo, mas também não sobrevive separarado. É uma parte integrada. Um membro da família que o país representa.
Infelizmente, para alguns a diferença só se torna interessante, se for motivo de visita turistica, são paisagens diferentes que se fotografam nas férias, sabores que se provam ou estradas que se cruzam, olhando o traçado no mapa, para depois se voltar a casa, com a noção de conhecer o país.
Quem esquece as diferenças, por recear rivalidades, tensões ou até alguma competição não conhece o valor das regiões. A diversidade regional sempre foi factor de riqueza, quando isso significa interacção, interconhecimento e comunicação. O que atrasa um país é o isolamento, a periferização e a marginalização das regiões, por falta de acesso ou por falta de recursos.
O que empobrece um país é o desconhecimento e o centralismo que esquece o interior, prejudica os mais afastados e destrói a diversidade regional.
(*expressão utilizada pela líder do PSD em visita aos Açores - 13 Set.09)