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SentirAilha

Viva! Este é um espaço de encontro, interconhecimento e partilha. Sentir a ilha que cada um é, no mar de liberdade que todos une e separa... Piedade Lalanda

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Viva! Este é um espaço de encontro, interconhecimento e partilha. Sentir a ilha que cada um é, no mar de liberdade que todos une e separa... Piedade Lalanda

Comprometer o futuro

 

As decisões que envolvem o bem comum têm de ser perspectivadas, pensadas, em termos da sua sustentabilidade, o mesmo é dizer, devem considerar as gerações futuras que delas irão beneficiar e que as terão de manter.
A autarquia de Ponta Delgada, responsável pela gestão dos recursos deste concelho, há muito que prometeu construir uma infra-estrutura para gerir o tráfego de autocarros que, diariamente, fazem chegar à cidade milhares de pessoas, para trabalhar, estudar, fazer compras ou aceder a serviços públicos.
Por dia, e cito um estudo produzido pela Universidade dos Açores em 2008, entram mais de 200 autocarros na cidade de Ponta Delgada, vindos das freguesias mais distantes do concelho e de outros concelhos limítrofes.
Gerir este tráfego é importante e necessário. No entanto o estudo sobre “Mobilidade sustentável em Ponta Delgada”, refere que “apenas 6% dos inquiridos considerou importante a criação de uma estação central de camionagem como factor fundamental para a melhoria dos serviços prestados pelos autocarros interurbanos” (cit.). Ao invés, uma larga maioria criticou o serviço prestado pelos mini-bus, concluindo o estudo da necessidade de melhoria neste tipo de transporte colectivo, em número de viaturas, zonas de serviço e condições de acessibilidade, nomeadamente a portadores de deficiência.
Apesar disso, a autarquia decidiu construir uma estação, que há dois anos localizava no subsolo do Campo de São Francisco, agora integrada num edifício de sete andares, no antigo ringue do União Sportiva. Um edifício a rentabilizar com a venda de apartamentos, escritórios e outros espaços; com três pisos em subsolo; próximo do Coliseu Micaelense, edifício classificado; não muito longe do algar do Carvão.
Uma estação de camionagem onde, supostamente, se conta fazer entrar e sair dezenas de autocarros através da Av. Roberto Ivens, passando pelo Santuário da Esperança, a Igreja de São José e a Unidade de cuidados continuados, sedeada no antigo Hospital.
Não haverá melhor localização para uma central de camionagem? Que opinião têm os moradores da zona escolhida e todos os que amam esta cidade?
Somos responsáveis pelo futuro que construímos hoje.
(publicado no Açoriano Oriental de 25 de Janeiro 2010)

Planear, decidir e agir

 

Em política, até pode haver alguma improvisação em face das circunstâncias, mas o que estrutura a acção dos governos, resulta de planos, projectos, pensados em função de um modelo de desenvolvimento que se pretende concretizar. Um modelo que se fundamenta em valores, responde às necessidades dos cidadãos, fundamenta decisões, orienta os planos e justifica as acções.
Planear em política não significa elencar desejos, promessas eleitorais ou ideias avulsas, mas pensar um conjunto de acções num determinado contexto, tendo por base um projecto de sociedade. É evidente que os contextos se alteram e os planos podem ser alterados. Mas até isso se pode antecipar, construindo-se diferentes cenários em função de possíveis impactos das decisões a tomar.
Recentemente, tomamos conhecimento da concretização de mais uma fase do plano de parqueamento delineado pela equipa executiva da Câmara Municipal de Ponta Delgada, desde que a Dra. Berta Cabral tomou posse em 2001 e que, desde então, tem sido objecto de sucessivos contratos de concessão. Um plano que considera como área de parqueamento quase todas as ruas entre a Av. D.João III, passando por São Gonçalo e terminando na Av. Príncipe de Mónaco incluindo zonas comerciais e residenciais numa periferia que quase confronta o limite das três freguesias urbanas. Apetece perguntar, o que pretende esta autarquia?
Começa por querer limitar o acesso dos automóveis particulares com a criação dos mini-bus, e depois constrói dois grandes parques subterrâneos na baixa citadina e abre a rua dos Mercadores ao trânsito depois de a calcetar em joga de passeio!
Anuncia que o centro histórico pode ser atractivo para morar e cria um programa (Reviva) para incentivar a recuperação ou a construção de edifícios dentro de um certo limite e, ao mesmo tempo, taxa o estacionamento dentro desta zona.
Recentemente, concessiona mais estacionamento, cumprindo supostamente o plano inicial, alargando a zonas residenciais e instala parquímetros num parque utilizado, sobretudo, por quem, não vivendo na cidade, nela trabalha. No dia seguinte, perante a contestação, anuncia que em relação a esse parque serão os moradores a decidir quando será pago.
Será isto planear, decidir e agir em função das pessoas?
(publicado no Açoriano Oriental a 18 de Janeiro 2010)

 

A Tolerância

 

“Já será grande a tua obra se tiveres conseguido levar a tolerância ao espírito dos que vivem em volta; tolerância que não seja feita de indiferença…e que, afirmando o que pensa, ainda nas horas mais perigosas, se coíba de eliminar o adversário e tenha sempre presente a diferença das almas e dos hábitos”. (Agostinho da Silva, Considerações)
 
Por vezes confunde-se tolerância com falta de firmeza. Aceita-se tudo, porque se entende que a liberdade individual é sinónimo de espaço sem fronteiras, discurso sem controlo, comportamento sem regras.
A tolerância não é certamente indiferença, como refere Agostinho da Silva, mas capacidade de entender os outros, mesmo que adversários, na sua diversidade de pensamentos e acções. Nesse sentido, a tolerância é necessária quando se discutem ideias e se procuram soluções consensuais. Sem eliminar o conflito, evita que a discordância se torne em agressividade descontrolada.
O tolerante, sendo próximo, consegue se distanciar perante os problemas, para melhor os ver e sobre eles discernir. Afinal, todos sabemos que quando uma discussão se torna acalorada, ninguém tem razão e os argumentos resvalam, com facilidade, para a ofensa e a agressão.
Ser tolerante é ter presente a diferença e ser capaz de a valorizar nas relações, na produção de um trabalho, na realização de um projecto. Sem negar as tensões que daí advêm, a tolerância é, por ventura, uma condição essencial para garantir o equilíbrio nas relações humanas, seja na família e no mundo mais privado ou no espaço público. Quantos divórcios não são fruto de uma intolerância persistente perante diferenças conhecidas desde o casamento, mas que se tornam inaceitáveis com o passar do tempo? Quantos conflitos entre gerações não resultam da intolerância perante a diferença de idade e de experiências a esta associadas? Quantos desencontros, rupturas no mundo do trabalho, não são o resultado da prepotência de quem decide sem ouvir, escolhe sem pensar e manda sem consultar?
A tolerância é sem dúvida uma virtude que alguns cultivam e outros poderiam aprender. Do cimo da sua prepotência, julgam dominar o mundo porque silenciam as diferenças.
 
“A tolerância em face do que esmaga não anda longe do temor; então, antes os quero violentos que cobardes. (Agostinho da Silva, Considerações)
(Publicado no Açoriano Oriental a 11 Janeiro 2010)

Ano internacional de Luta contra a Pobreza e a Exclusão social

2010 foi dedicado pela União Europeia ao Combate à Pobreza e a Exclusão Social. Uma utopia que anima a construção de uma comunidade de cidadãos, iguais em direitos.

Os pobres são cidadãos não reconhecidos.
Logo, lutar contra a pobreza significa reconhecer a cidadania nos e dos mais pobres, enquanto igualdade de acesso, de direitos e respeito pela dignidade de todos os seres humanos, independentemente da sua condição física, mental, económica ou social.
Combater a exclusão social não deveria significar transformar o que é diferente em formato padrão, alterar a condição de quem é não-integrado para o tornar igual ou parecido com a maioria.
Combater a exclusão social é reconhecer na diversidade um valor e ser intolerante perante a injustiça ou o desrespeito por quem é diferente. Combater a exclusão é reconhecer o projecto de vida do outro sem querer condicionar a liberdade dos cidadãos, nem pretender construir uma unidade amorfa, unicolor e padronizada.
A coesão social significa igualdade de direitos, partilha de diferenças, valorização da diversidade cultural, respeito por etnias, sotaques, religiões e tradições. Significa construir uma unidade que integre a diversidade das comunidades de pertença.
A desigualdade não está apenas na condição social dos mais pobres ou dos que são considerados excluídos, mas na relação que a sociedade, dita maioritária e normalizada, estabelece com esses cidadãos.
Os mais pobres não vivem na sombra. Muitos são trabalhadores, com baixos salários, que desempenham actividades pouco qualificadas, algumas de risco com quem nem sempre as empresas estabelecem um vínculo laboral duradoiro. Muitos são mulheres, sozinhas, com filhos menores a cargo, sem acesso ao mercado de trabalho.
O combate à pobreza ou à exclusão social não significa enfrentar um problema que está para além da fronteira da comunidade, da cidade ou da freguesia onde moramos, mas passa pela relação que estabelecemos com quem vive em dificuldades e mora na nossa rua ou trabalha na mesma empresa que nós. Neste combate as armas mais eficazes são o altruísmo, a solidariedade, o sentido do outro e a procura do bem comum.
(publicado no Açoriano Oriental de 4 Janeiro 2010)

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