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SentirAilha

Viva! Este é um espaço de encontro, interconhecimento e partilha. Sentir a ilha que cada um é, no mar de liberdade que todos une e separa... Piedade Lalanda

SentirAilha

Viva! Este é um espaço de encontro, interconhecimento e partilha. Sentir a ilha que cada um é, no mar de liberdade que todos une e separa... Piedade Lalanda

Silêncios indignos

A pedofilia é certamente um problema, com séculos de existência, que proliferou de forma impune, numa sociedade onde se silenciou, durante demasiado tempo, a sexualidade.

“Não se fala, fica feio, é pecado”, diriam os nossos avós perante a curiosidade e o mal-estar de muitas crianças. Umas demasiado protegidas para entenderem o seu próprio corpo, outras demasiado vulneráveis para se poderem defender dos abusos de adultos, supostamente responsáveis pela sua educação.

O silêncio, imposto sobre o mundo da sexualidade, criou fantasmas, alimentou comportamentos desviantes e ocultou, num mundo de segredos, histórias de vida marcadas pela humilhação, a exploração e o sofrimento calado.

Fizeram notícia os casos de pedofilia na Bélgica, o processo da Casa Pia ou da garagem do Farfalha. E continuam fazendo notícia as prisões que envolvem pedófilos, supostamente cidadãos exemplares.

Dar visibilidade a estes casos é urgente, não pelo impacto mediático que isso significa, mas porque revela uma sociedade que condena o abuso e a exploração sexual, que defende os menores e advoga uma sexualidade responsável, equilibrada e informada, parte integrante e essencial do ser humano.

O pedófilo revela uma relação doente, desequilibrada e, por ventura, traumática, com a sua sexualidade. São adultos que carecem de apoio e acompanhamento, mas que constituem uma ameaça perante menores indefesos, fragilizados em geral pela condição social em que vivem ou pela ausência de apoio afectivo e familiar.

Por tudo isto, não é aceitável, nem admissível, proteger estes agressores e abafar o sofrimento das vítimas. Não é digno silenciar as denúncias de quem foi envolvido, de forma indigna, em jogos de prazer, para satisfazer fantasias de adultos desequilibrados, sejam estes importantes figuras políticas, simples funcionários, criminosos com cadastro ou sacerdotes.

Particularmente, a Igreja não pode continuar a pactuar com este silêncio indigno, como aparentemente fez durante décadas. Perante inúmeras denúncias, na Inglaterra, no Brasil, nos Estados Unidos e por ventura em Portugal, os mais altos responsáveis da Igreja limitavam-se a deslocar os visados e a silenciar as vítimas. Não é admissível que se defenda o mandamento máximo do “amar os outros como a si mesmo” e depois não se condene, publicamente, quem usou os outros e matou neles a capacidade de amar.

Fazer tabu, trancar no “sótão” do que não se diz, porque é feio, fonte de pecado, é criar fantasmas e deixar por resolver problemas que atormentam esses adultos.

Mais revoltante do que ver sacerdotes e bispos, com idade para serem avôs, transformados em “ninguém”, envoltos nos seus próprios fantasmas, é ouvir as vítimas que, durante anos, calaram as agressões de que foram vítimas na adolescência.

Aos poucos, a Igreja reconhece a culpa, mas isso só não basta. É fundamental que assuma e aborde a sexualidade como uma dimensão humana, inclusive quando está em causa o celibato. A sexualidade está longe de se reduzir às relações sexuais.

É importante educar as crianças e os jovens, desde cedo, para que aprendam a conhecer o seu corpo e a respeitar o dos outros. Não podemos recear o impacto da educação sexual, porque só quem conhece dá o devido valor à intimidade como expressão de afectos e exalta a dignidade do ser humano.

(publicado no Açoriano Oriental de 29 Março 2010)

Saudades do Sol

O inverno tem sido muito rigoroso. Um pouco por todo o lado se ouvem vozes de lamento. Há meses que a chuva não nos deixa, há semanas que as terras ensopam e rebentam encostas abaixo, ameaçando comunidades que há séculos vivem em fajãs, sem temerem barreiras ou falésias. 

Sinais dos tempos. Vivemos em ilhas há séculos, e talvez pensássemos que nada se alteraria. Mas o certo é que o ambiente, outrora sentido como o ar que se respira, cada vez mais, depende da acção humana.

Se outrora construímos sem pensar nos sismos, hoje sabemos que as habitações devem ser estruturadas com outra resistência. Se outrora não limitávamos zonas de protecção da orla costeira ou junto aos leitos das ribeiras, hoje sabemos que é um risco construir nesses limites, sujeitos à erosão das ondas do mar ou ao aumento do volume das ribeiras.

Lamentamos a chuva que não pára, as cheias que destroem a nossa paisagem; lamentamos a desgraça que abalou a Madeira ou a enxurrada que matou no Nordeste. Mas, será que não podemos fazer nada para contrariar uma natureza que se manifesta de forma tão dura?

Clamamos por sol, ansiamos por uma primavera que tarda, pelas flores que teimam em cair mal florescem ou pelo verde que se dilui numa massa de lama que encharca os terrenos. Mas, apesar de todos estes sinais, teimamos em não mudar, mantendo os mesmos hábitos de sempre. Construímos sem respeito por limites de segurança, poluímos indiferentes ao destino dos resíduos, usamos o carro para quase todas as deslocações e resistimos a andar a pé mais de cem metros, seja para apanhar um autocarro, para tratar um assunto num banco ou levar um filho à escola.

Afinal, o que é que nos preocupa, manter o comodismo ou travar a destruição progressiva da natureza? O que é que valorizamos, o conforto pessoal e a indiferença ou a acção, mesmo que individual, no sentido da preservação dos recursos naturais e da promoção de um estilo de vida mais saudável?

Vivemos séculos num pretenso equilíbrio, que mais não foi do que um tempo de “vacas gordas” onde se consumiram, de forma excessiva e inconsciente, recursos naturais, infelizmente não inesgotáveis, como a água, o petróleo ou a riqueza dos fundos do mar. Não pusemos limite à construção de novas habitações e deixamos que a nossa paisagem se transformasse, adensando as zonas urbanas, aumentando os níveis de poluição e intensificando o recurso ao transporte motorizado.

Clamamos por um sol que se esconde, detrás das nuvens densas que ensombram o nosso quotidiano. Ansiamos por dias mais claros, mais quentes.

Entristecemos neste tempo sombrio. Mas, quem sabe, esta é a hora para repensar o modo como vivemos, construímos, pensamos as cidades e protegemos a natureza. Não faz sentido, depois das calamidades que assolaram as nossas ilhas, voltar a fazer tudo na mesma, como se não tivéssemos aprendido nada.

Venha o sol e um pensamento esclarecido, que contrarie as decisões sem fundamento e reabilite a relação das comunidades com a natureza.

A humanidade é parte deste mundo, ocupamos este território tal como as plantas e os animais. Não temos o direito de o dominar, para depois o destruir, mas sim o dever de o conhecer para melhor o respeitar.

(publicado no Açoriano Oriental de 22 Março 2010)

Obrigatório, dizer a verdade

A verdade não tem duas leituras, é baseada em factos e, na sua essência, é objectiva.

E se a verdade devia ser obrigatória, quando se expressam afectos ou se educam os filhos, quando se apresentam contas ou se dá um troco numa loja, muito mais, devia ser, para quem governa ou pretende convencer que tem razão.

Utopia, dirão alguns. Nunca teremos políticos ou governantes verdadeiros.

Infelizmente, ainda há quem considere a política, a arte da mentira. Habituado a ouvir os políticos como pregadores de promessas, sem nunca lhes pedir provas, continua a acreditar nas pessoas, talvez, porque o valor da honra e da confiança fundamentam as suas relações.

Por sua vez, algumas dessas figuras políticas, marcadas por aquilo que se designa de carisma, procuram convencer mais pelas palavras bonitas ou pela aparência, do que pelos factos. Um estilo inspirado no tempo em que os governantes decidiam e falavam, sem esperar contestação.

Contestar não significa conflituar, mas afirmar uma cidadania activa, que procura a verdade e não se fica por rumores, que participa e se manifesta perante projectos de interesse público.

O tempo da política que se faz de palavras sem conteúdo ou de afirmações sem fundamento tem os dias contados. É cada vez mais difícil esconder a verdade. Não se pode evitar que outros consultem documentos na internet, registem declarações gravadas no passado e confrontem os políticos, de falar fácil, com documentos que contradizem as suas afirmações.

O povo, feito de pessoas com rosto, observa e está atento, conhece os factos e a realidade em que vive. Por isso, é cada vez menos tolerante perante quem não fala verdade.

Infelizmente, a sessão extraordinária da Assembleia Municipal, sobre a localização da Central de camionagem, que decorreu no dia 9 de Março, em Ponta Delgada, foi um bom exemplo de como uma Câmara toma decisões sem as fundamentar e pretende convencer os outros de que fala verdade, sem o saber demonstrar.

A autarquia gastou centenas de milhar de euros para avaliar, pelo menos, três localizações para esta infra-estrutura e acabou por decidir, sem qualquer estudo técnico, aproveitar um empreendimento privado, destinado a habitação e escritórios e aí instalar a central, no rés-do-chão.

O que Ponta Delgada precisa é de uma estrutura, periférica, que coordene o transporte colectivo interurbano com os mini bus e outras formas de mobilidade. O que Ponta Delgada precisa é de reduzir o número de viaturas individuais e o transporte pesado, que atravessam a cidade, dando condições às pessoas para que possam andar a pé ou de bicicleta.

O futuro exige um esforço de todos, se queremos melhorar a qualidade do ambiente em que vivemos. As gerações que nos sucederão merecem uma cidade menos poluída, mais amiga das pessoas.

A decisão da autarquia, em relação à central de camionagem na Rua de Lisboa, é uma opção não fundamentada que, como dizia um munícipe, parece mais um capricho enganador do que um projecto de verdade. 

Porque, se estivéssemos perante uma escolha, baseada em pressupostos verdadeiros, continuaríamos a não concordar, mas não teríamos motivos para duvidar.

 

(publicado no Açoriano Oriental a 15 Março 2010)

Porque é mulher!

A discriminação de género é um fenómeno que se manifesta por expressões como esta: vai ser difícil, porque é mulher! Isso só acontece, por ser uma mulher!

Os cientistas sociais designam essa forma de entendimento da realidade, de estereótipos. Construções mentais, que classificam, rotulam e limitam a definição de uma realidade, com base em pressupostos que não se verificam, mas que contêm uma carga histórica. “Sempre foi assim”, “não é de esperar outra coisa”, são outras tantas máximas que consolidam os estereótipos e impedem de ver e esperar mais de uma determinada realidade.
Afinal, as mulheres estão tão sobrecarregadas com o cuidado aos filhos e com as tarefas domésticas, que não se pode delas esperar uma apetência ou disponibilidade para cargos de chefia e até se compreende que sejam menos assíduas, porque acompanham as crianças ao médico, esclarecem dúvidas com os professores da escola e estão sempre alerta para as necessidades da família.
Apetece perguntar-vos. Quando leram este parágrafo anterior, não encontraram nada que “não batesse certo”? Onde está a armadilha deste discurso?
A mulher até pode ter um desempenho diferente, liderar um negócio, ser membro de uma associação de voluntários, estar inscrita numa pós-graduação ou acolher um parente idoso em casa. Mas nada disso é feito, em vez de ou em parceria com, mas sempre para além, da casa, dos filhos, das compras e da gestão doméstica.
A discriminação que pesa sobre as mulheres, não é apenas aquela que lhes retira oportunidades, que lhes paga menos salário ou que as trata como objectos de satisfação sexual, mas também transparece no discurso habitual de quem assume, como ponto de partida, que a mulher deve carregar todas as dores da sua casa e da sua família e só depois preocupar-se com o mundo fora de portas.
Enquanto esta visão perdurar, o que significa dizer, enquanto a família não for um espaço de partilha, onde se aprende o sentido da democracia e do respeito pela individualidade; enquanto na família não se promover o desenvolvimento, as competências e os talentos de todos e de cada um, então as mulheres continuarão a ser discriminadas.
Não se trata de inverter papéis. As mulheres não negam a felicidade que advém da maternidade, da relação com os filhos ou do gosto com que participam na construção do bem-estar familiar. Mas reconhecem, que o domínio da família e da casa deve ser um espaço de cooperação, de interdependência, onde todos se sintam co-responsáveis. Só dessa forma, as mulheres poderão, em parceria com os homens, participar na vida pública, no mundo dos negócios, na assumpção de cargos de chefia, na vida política sem que lhes perguntem, Como é que podes estar aqui! E os teus filhos, com quem os deixaste?
No dia em que fizerem a mesma pergunta a um empresário ou a um político, homem, que se reúne ao serão ou tem de viajar, por razões profissionais, então poderemos afirmar que conseguimos combater parte da discriminação que ainda hoje algumas pessoas vivem, por serem mulheres.

(publicado no Açoriano Oriental de 8 Março 2010)

Dar voz aos cidadãos

 

A importância do poder local reside no facto de estar perto dos cidadãos.
Chamados a escolher os executivos, nas Câmara e nas Juntas, é nas Assembleias de freguesia e municipal, que os munícipes se encontram verdadeiramente representados.
E, sempre que reúne em sessão plenária, a assembleia municipal convoca os membros dos diferentes grupos políticos e todos os presidentes de junta, representando as freguesias do concelho. Uma reunião magna, aberta a quem queira assistir e, eventualmente, participar num período reservado à participação do munícipe que quer fazer ouvir a sua própria voz. Infelizmente, muito raramente as assembleias municipais contam com a presença de cidadãos não eleitos.
Vivemos num país e numa região onde ainda não se pratica, de forma espontânea e voluntária, uma cultura cívica que contrarie o activismo de sofá, praticado diante da televisão ou lendo o jornal, e transforme a critica avulsa, que se faz à mesa do café, em participação activa e democrática.
Mas que interesse pode ter um cidadão em assistir a uma reunião, que até pode demorar várias horas?
Desde logo tem a oportunidade de verificar se aqueles que elegeu erguem a sua voz na defesa dos interesses da comunidade ou pelo contrário, permanecem calados durante toda a sessão, apenas erguendo o braço para votar favoravelmente tudo o que é apresentado pela câmara.
Em qualquer sessão da Assembleia Municipal, para além dos assuntos agendados, os vogais podem levantar questões ou dúvidas que preocupam os munícipes. Essa deve ser a prática de todas as forças políticas presentes. Como membros da Assembleia Municipal, cabe-lhes fiscalizar as acções do executivo camarário.
Talvez agora se entenda do muito que se pode ficar a saber numa assembleia municipal. Por exemplo, quem tivesse assistido à reunião do passado dia 23 de Fevereiro em Ponta Delgada, teria ouvido questionar a Presidente da Câmara sobre o incidente do edital que limitou a circulação dos camiões durante a “batalha das limas” e ficaria a saber que, não ser patrocinado pela empresa municipal Anima significa ser um camião “privado”, “independente” e, apesar de a câmara afirmar existir um regulamento municipal para esta actividade, apenas as equipas dos camiões patrocinados ou “municipalizados”, o conhecem.
Tomaria ainda conhecimento dos cinco milhões de euros que, durante quinze anos, a Câmara de Ponta Delgada irá transferir para a empresa municipal “Azores Parque”, para tomar posse de uma estrada municipal com 1800 metros que custou “cerca de dois milhões de euros”, como referiu a própria Presidente da Câmara.
Também ficaria a saber que a autarquia preza muito as parcerias público privadas mas, enquanto negoceia com um privado a instalação da “central de camionagem”, adquire o capital social dos privados que integravam a empresa municipal “Cidade em Acção”.
O escrutínio dos eleitores não pode, ou não devia, limitar-se à expressão dos seus votos. É importante que conheçam e avaliem o modo como os seus governantes conduzem os destinos da comunidade e se revejam na voz de quem os representa nas assembleias municipais.
(publicado no Açoriano Oriental a 1 de Março 2010)

Virar do avesso

 

Era uma prática comum no passado. Quando os fatos começavam a revelar marcas de cansaço, as mãos sábias das domésticas costureiras desmanchavam em peças e voltavam o tecido do avesso.
Ficou dessa prática a expressão, bastante actual em tempos de crise.
É preciso virar do avesso a vida, quando sentimos ter atingido um ponto de exaustão. Desmanchar e recomeçar é fundamental. Recuperar o passado, porque o tecido até tem potencialidades ainda não exploradas, não significa que se repitam formatos ou modelos ultrapassados.
Virar do avesso significa inovar, renovar, dois verbos importantes em tempos de crise, mas que exigem a desconstrução de modelos obsoletos e uma capacidade crítica para potenciar experiências anteriores.
Dizem os gurus da economia, que a palavra crise terá origem num ideograma chinês wei ji, que significa “perigo” e “oportunidade”, “momento de viragem” (cit. R.Vargas, Executive Digest) ou se quisermos, vire do avesso o que deixou de resultar, o negócio que já não atrai clientes, a imagem que não resume o produto que pretende vender, o menu do restaurante que deixou de ser atractivo e não corresponde às novas tendências do mercado.
Entro numa loja de roupas, onde se sente a proximidade do encerramento que todos anunciam. São poucas as peças nas prateleiras e faltam números nos artigos. Ouço o suspiro de uma das empregadas que comenta, “antes estar num restaurante a descascar batatas”. Sente-se inútil detrás do balcão onde outrora não tinha mãos a medir; mas também não tem motivação para dar a volta por cima. Está na eminência, quem sabe, o desemprego, e sem negar a sua vocação para o comércio, revela uma ausência de ideias que contrariem o pessimismo do negócio que em breve irá fechar.
Imagino como é difícil ser simpática, perante uma cliente que revira as camisolas que restam e depois sai sem nada comprar.
Como fazer essa viragem do avesso e criar esse momento que pode significar um recomeço e uma nova etapa.
Perante o desalento daquela empregada, apeteceu-me dizer-lhe, porque não escreve um letreiro com letras garrafais: Vista-se por 50 euros!
Vire o negócio do avesso e faça da crise uma oportunidade!
(publicado no Açoriano Oriental de 22 Fevereiro 2010)

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