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SentirAilha

Viva! Este é um espaço de encontro, interconhecimento e partilha. Sentir a ilha que cada um é, no mar de liberdade que todos une e separa... Piedade Lalanda

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Viva! Este é um espaço de encontro, interconhecimento e partilha. Sentir a ilha que cada um é, no mar de liberdade que todos une e separa... Piedade Lalanda

Apoiar ou assistir

Pobreza, exclusão social, marginalidade e delinquência são termos relacionados, porque designam realidades que não se enquadram nos padrões normativos, desafiam o que se entende por normalidade ou perturbam o que alguns apelidam de “paz social”. 

O que nos torna normais e integrados? O que significa viver em paz?

A casa, o emprego, a família, a saúde, por ventura o dinheiro para gastos!

E quando falham esses pilares, o que fazer?

Se queremos entender a razão de ser das medidas de combate à pobreza e exclusão social, temos de ser capazes de imaginar o que é viver sem um casa em condições; perder o emprego ou ter dificuldades em manter uma actividade regular; viver numa família numerosa ou sem o apoio afectivo dos mais velhos; ter problemas de saúde ou ser portador de uma deficiência.

Porque são esses, alguns dos critérios que justificam os apoios que o estado proporciona a muitos cidadãos. Entre muitas outras condições, a velhice, a deficiência, a doença crónica, o desemprego ou a baixa qualificação justificam as prestações sociais. Está em causa o direito à integração e a defesa da dignidade humana.

Proteger as pessoas em situação de carência e, ao mesmo tempo, responsabilizá-las pelo apoio recebido, sobretudo quando as suas limitações são circunstanciais e podem ser ultrapassadas com o esforço próprio, são princípios que orientam as medidas de política que constroem o Estado social.

Num ano em que os meios financeiros escasseiam, foram revistos os critérios de atribuição de alguns apoios. Melhor atribuídos, poderão beneficiar mais pessoas. O que implica reforçar a responsabilidade de quem recebe e de quem atribui, potenciar os meios que autonomizem, reduzir a dependência dos apoios e investir na cooperação solidária e não no assistencialismo. 

Quando alguém considera que a redução de um apoio social pode transformar um beneficiário em delinquente, é porque não acredita que estes cidadãos, que pedem ajuda por não terem condições de habitação, acesso aos cuidados de saúde ou recursos adequados ao mercado de emprego, são pessoas com sonhos e ambição.

Afirmar que os beneficiários que viram reduzidas as suas prestações poderão roubar para comer, é revelador de um pensamento que apenas vê no pobre, alguém com fome, imagem do mendigo que estende a mão.

Esquece, quem assim pensa, que muitos dos que recorrem às prestações sociais são cidadãos que trabalham mas que auferem baixos rendimentos ou sofrem as consequências do desemprego.

A atribuição de medidas de protecção social não depende de um juízo moral. Não premeia bons cidadãos, nem penaliza quem não tem prestígio.

Beneficiar de apoios sociais não é uma questão de merecimento, mas um direito que é atribuído com base em critérios, periodicamente avaliados.

Mas, a integração social não pode depender apenas dos apoios do estado. Exige que todos os cidadãos contribuam, nomeadamente, respeitando as leis do trabalho e não explorando quem mais precisa; apostando no voluntariado, que apoia idosos, doentes ou alunos com dificuldades de aprendizagem; colaborando com associações de solidariedade social.

Apoiar é ajudar, como resposta a alguém que se conhece.

Assistir é apenas dar, ignorando quem pede ajuda.

(publicado no Açoriano Oriental de 30 Agosto 2010)

Não deixe para amanhã...

… o que podes fazer hoje. Este é um ensinamento antigo que resume muitos dos actuais livros de auto-ajuda e que significa viver de forma organizada e eficaz.

Não temos todo o tempo do mundo, mesmo quando somos jovens e vemos o futuro como um depósito a prazo. A vida é sempre limitada e nenhum de nós lhe conhece o fundo.

Deixamos facturas por pagar ou tarefas com prazos por cumprir, porque acreditamos sempre naquele tempo extra, mesmo que isso signifique uma multa pelo atraso.

Desleixamos no quotidiano, acumulando livros por arrumar, roupa que é preciso remendar e que espera, há dias, atirada a um canto. Hoje não deu, mas amanhã, é de certeza!

Sempre que arrumamos, a mesa, a secretária, os brinquedos, depois de terminada uma tarefa ou actividade, evitamos a confusão. Mas não apetece! O conforto do sofá, o filme na televisão, o sono, as férias, tudo serve como desculpa. Logo, depois, talvez! Agora, não.

A semana parece voar, entre rotinas que se repetem e tarefas tidas por importantes, desperdiçamos horas, dias, sem saber como. Quando deito a cabeça no travesseiro e faço balanço, pergunto-me o que fiz hoje? Valeu a pena? Reconheço que não encontrei tempo para visitar um amigo hospitalizado ou ir dar um beijo aos meus pais e esqueci o aniversário de uma amiga, apesar do alerta gravado no telemóvel.

Porque desperdiçamos e adiamos se não somos donos do tempo?

Não temos todo o tempo do mundo. Na realidade, temos apenas o dia de hoje, a hora que passa, para sermos felizes e fazermos os outros felizes. Amanhã, pode ser tarde de mais. Não são apenas os prazos que se vencem. As oportunidades para amar também se perdem e quando menos esperamos, estamos sozinhos, esquecidos ou atulhados num mundo sem referências.

Não deixes para a amanhã o que podes fazer hoje

A vida é esse projecto temporário que nos é dado em forma de agenda. Apesar de inscrevermos tarefas com meses ou até anos de antecedência, na prática só temos hoje, o momento que passa, para viver da melhor maneira. Por ventura para deixar de fumar ou passar a comer de forma mais saudável; para apoiarmos quem precisa ou concluir aquele trabalho que pusemos de lado por ser difícil e complicado.

Hoje, agora, poderá ser o tempo certo para tomar uma decisão ou insistir na procura da solução de um problema que atormenta.  

Perdemo-nos em coisas sem importância, preocupamo-nos com insignificâncias, miudezas, quando devíamos valorizar as pessoas que nos rodeiam, investir nos afectos que dão qualidade às relações, rentabilizar as competências que possuímos ou aumentar o esforço, que sabemos necessário para a realização de uma tarefa.

Não deixes para a amanhã o amor que podes partilhar hoje, o perdão que há tanto tempo recusas dar a quem te ofendeu, a resposta que tens medo de revelar ou a iniciativa que receias tomar.

Não adies o que podes fazer ou dizer hoje, porque amanhã pode ser tarde demais. 

(publicado no Açoriano Oriental de 23 Agosto 2010)

Um instante

Podemos medir o tempo de muitas formas, normalmente em segundos ou fracções de segundo, minutos, horas ou dias, para não referir os meses e anos de calendário. Mas há uma unidade de medida, que não tem duração certa, mas que marca a história das nossas vidas, o instante.

Num instante, se fractura um membro ou se rompe um vaso sanguíneo e o corpo deixa de responder de forma equilibrada.

Num instante, há uma viatura que atropela com gravidade um ciclista, que seguia tranquilo no seu exercício de fim-de-semana. Nesse instante, uma vida é destruída e uma família destroçada.

A vida está marcada por instantes, que podem durar segundos ou minutos, mas que funcionam como cortes, barreiras, que se atravessam no fluir da vida, travam os movimentos do corpo e interrompem a actividade normal de um dia.

Afinal, somos tão frágeis; é tão relativa essa normalidade do quotidiano. É tão inseguro o equilíbrio que julgamos ter conquistado, porque respeitamos determinadas regras, cumprimos com receituários do médico ou evitamos, de forma quase religiosa, tudo aquilo que é tido por prejudicial.

A vida, em cada momento, é uma síntese, uma fusão de factores, que se ajustam e se mantêm estáveis, mas nada está garantido; por vezes sabemos como acordamos, mas desconhecemos como nos iremos deitar.

Estamos cada vez mais sujeitos às alterações do ambiente, à poluição, que também ajudamos a criar, devolvida no ar que respiramos. Afecta-nos o stress das organizações que criamos e somos vítimas dos alimentos pré-cozinhados ou enlatados que consumimos, supostamente produzidos para simplificar o quotidiano.

Aos poucos, esquecemo-nos de viver próximo da natureza e o nosso corpo reage, saturado desse envenenamento diário.

Afinal, somos tão frágeis. Num instante, aquilo que tínhamos por garantido se altera, e vemo-nos confrontados com a limitação que sempre nos condicionou, mas que aprendemos a superar, na esperança de a dominar.

Resta-nos uma única dimensão, que não se reduz à fragilidade humana, mas que a transcende, supera e resiste. O espírito, a força do ser que é capaz de enfrentar tempestades, sobreviver a catástrofes e recomeçar, quando aparentemente tudo se perdeu.

Num instante, podemos perder o que tínhamos por garantido e enfrentar uma mudança de vida. Mas, qual naufrago que se debate nas águas revoltosas do mar, é sempre possível agarrar no que acreditamos e não deixar morrer o espírito de força que nos ajudou a vencer outras batalhas. Afinal o que é a vida se não uma sucessão de vitórias e derrotas, de sucessos e perdas.

Enquanto brilhar essa força, nada poderá derrubar ou interromper o projecto ou a missão que cada um de nós tem neste mundo. Sem negar a fragilidade humana, todos os dias temos de reconstruir, reinventar uma nova forma de estar no mundo.

E, quando um instante nos rouba esse modo de estar, até podemos ficar sem nada; até podemos pensar que é impossível retomar o curso normal da vida.

Mas, aos poucos, como chama que o vento não apaga, renasce da força do espírito a pessoa, que esse instante não roubou.

 (publicado no Açoriano Oriental de 16 Agosto 2010)

A night

A noite pode não significar descanso, redução da luz ou da actividade.

A noite para muitos, particularmente, quando se é jovem, é mais a night, sinónimo inglês que envolve uma conotação dinâmica, num período que normalmente se dedica ao repouso.

Dizer night é falar de música, conversa, copos, bares e discotecas. São horas de convívio, quantas vezes recheadas de jogos de sedução, engates ou flirts, outro termo anglo-saxónico, que sintetiza na perfeição um relacionamento descomprometido, que pode durar um serão ou prolongar-se durante um período de férias.

A qualidade do tempo vivido durante a night não se avalia por horas, mas pelo número de gargalhadas que se deram, pelas pessoas novas a quem se foi apresentado ou pelos números de telemóvel que se acrescentou à lista de contactos. Afinal, na noite fazem-se muitos conhecimentos. Até podem não ter o peso formal dos que ocorrem durante o dia, mas constroem uma rede de “pessoas conhecidas”.

À volta de uma mesa de café, sentados num muro, as conversas vão acontecendo, ora partilhando gostos musicais ou entrando por domínios pessoais. À luz da lua e debaixo das estrelas, as conversas parecem ganhar outra profundidade. Quando menos se espera, partilham-se receios contidos, não ditos que se transformam em desabafos, confidências. Nesse ambiente descomprometido, desabafar até pode ser terapêutico. Reduz a pressão dos conflitos que a luz do dia torna maiores. 

A night anula muitas diferenças e faz realçar aspectos que o dia não conhece. Afinal, como diz o povo, de noite todos os gatos são pardos. Em ambiente de bar, com um copo na mão, todos parecem estar divertidos e se não for verdade, ninguém repara, rindo de uma anedota bem contada.

A night reduz a intensidade com que se analisam os comportamentos. Ninguém é avaliado pela profissão, condição social ou idade, todos parecem ser iguais e uma certa cumplicidade transforma uma multidão de indivíduos numa aparente comunidade de convivas. No entanto há grupos, vários, que se movimentam como cardumes, entre um bar e outro, entre o concerto e a esplanada.

Entretanto as horas vão passando para os pais, enquanto os jovens acumulam conversas e vão partilhando gargalhadas.

Olho para o relógio. Há horas que não paro de bocejar. Muito antes da meia-noite já tinha adormecido no sofá sem conseguir ver o filme até ao fim. Deito a cabeça na almofada, sem esquecer que eles ainda estão por fora.

Acordo ao som da chave e da porta que se fecha. Olho para o relógio, é madrugada. O que será de tão interessante que anima esta malta até tão tarde? Mal consigo ouvir a resposta, mas fico a saber que a noite foi óptima e que a conversa foi muito interessante, gente simpática e uns músicos do norte animaram o serão. Está tudo bem, mas amanhã, por favor, não me acordes!

Finalmente, posso dormir. Não tarda muito o sol nasce e não quero perder essas horas em que tudo parece fresco no início de mais um dia!

(publicado no Açoriano Oriental, 9 de Agosto 2010)

A transparência da máscara

De rosto pintado, o palhaço carrega no traço que contorna os olhos e os lábios e constrói uma figura alegre, supostamente divertida, que provoca sorrisos, mesmo antes da sua actuação. O palhaço compõe um personagem, que depois recheia com a sua actuação, escondendo a identidade verdadeira do actor. Ninguém reconhece o palhaço quando este retira as pinturas e guarda a máscara divertida na mala de circo.

Somos todos um pouco palhaços na vida.

Os outros olham-nos de fora, apreciam as roupas que vestimos, comentam o corte de cabelo, elogiam os sapatos ou o anel de noivado. Mas nem sempre reparam em nós, por detrás desses acessórios. Não vêem a tristeza que escapa no olhar e não se apercebem que vivemos mal com os quilos a mais, a ruga que se formou na testa ou o pneu que não há maneira de desaparecer.

Como se estivéssemos por detrás de uma máscara, sentimos que poucos nos conhecem ou se apercebem que somos mais do que aquilo que mostramos.

É a palavra que nos revela, são os sentimentos e as emoções que nos traem, é aquela lágrima de emoção que dá brilho ao olhar ou a voz que, sem querer, fica baça, que dá transparência ao disfarce que vestimos.

Há quem se julgue protegido, porque elaborou uma máscara perfeita. Veste roupas de marca, cuida da pele e até enche as rugas para disfarçar o envelhecimento precoce; pinta o cabelo, cuida das unhas e não há um fio fora do sítio. Tudo parece perfeito, o perfume, a maquilhagem, a escolha das cores e a composição da indumentária.

Esquecem-se de controlar o olhar. É por aí que são traídos, pelas palavras que escapam sem se darem conta ou a postura das mãos, inquietas e suadas. Nessa hora, a máscara começa a ficar transparente desvendando sentimentos confusos, inquietudes escondidas, tristezas não reveladas.

Não é fácil penetrar nessa dimensão humana que se esconde detrás das máscaras sociais, desconstruir personagens diluídos numa massa anónima.

Ser pessoa até pode significar ser personagem, numa alusão ao teatro da vida que é estar em sociedade. Mas, se todos reconhecem que dentro de um palhaço há alguém que vive de outro modo, por detrás da imagem que cada um de nós procura transmitir, há um ser que sente, sofre, vive alegrias ou ansiedades, nem sempre reveladas. Alguém que não diz tudo o que pensa e que observa, do lado de dentro de si mesmo, as reacções dos que comentam sem perceber, criticam sem conhecer, apreciam sem avaliar o que realmente somos.

A máscara faz parte do nosso dia-a-dia, sempre que nos olhamos ao espelho, para pentear o cabelo, disfarçar as olheiras, fazer a barba ou apertar a borbulha que resolveu crescer mesmo no meio do nariz.

Afinal quem somos? Até que ponto damos transparência a este disfarce diário, fazendo passar emoções e sentimentos, afirmando aquilo em que acreditamos, assumindo posições, defendendo causas e esgrimindo argumentos?

Quando alguém se esconde e se refugia em modelos pré-definidos, torna-se numa pessoa vazia de ideias, opaca. De tanto esconder o que sente, endurece a máscara e perde a capacidade de ser transparente.

A felicidade depende da capacidade de viver, na pessoa que somos, dando transparência às máscaras que a vida nos impõe.

 (publicado no Açoriano Oriental, 2 de Agosto 2010)

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