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SentirAilha

Viva! Este é um espaço de encontro, interconhecimento e partilha. Sentir a ilha que cada um é, no mar de liberdade que todos une e separa... Piedade Lalanda

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Viva! Este é um espaço de encontro, interconhecimento e partilha. Sentir a ilha que cada um é, no mar de liberdade que todos une e separa... Piedade Lalanda

O medo de não ser importante

 

No fundo, todos tememos não ser importantes e isso não significa que queiramos ficar na história, basta que sejamos reconhecidos pelos que nos rodeiam.

O receio de não ser notado por ninguém é evidente em algumas pessoas, exageradamente preocupadas com a aparência, que fazem questão de ser suficientemente apelativa para merecer um comentário, uma foto, uma apreciação elogiosa.

Outros põem-se, literalmente, nos bicos dos pés para serem notados, não vá acontecer o chefe não os ver na festa ou o patrão não reconhecer a forma diligente com que desempenham as suas obrigações.

Se uns procuram exorcizar este medo, citando, a torto e a direito, pessoas importantes que dizem conhecer, com quem supostamente já tiveram contacto. Outros usam e abusam da sua própria história de vida, como demonstração do prestígio que pretendem assegurar. Eu fiz, quando eu era e tinha; porque já liderei esse grupo e fui membro daquela associação; no tempo em que ocupava o cargo de ou tinha à minha responsabilidade tarefas importantes como. Um rol de atributos que se recordam entre cada duas frases, procurando, desta forma validar o presente, que até pode não ser muito risonho.

Temos medo de passar desapercebidos e isso vê-se no discurso dos que nunca admitem falhas, nem reconhecem razão a quem consideram como adversários ou opositores. Antes mesmo de falarem já se puseram em andas.

Afinal o mundo para estes é sempre visto de cima, um sentimento que, segundo dizem as sondagens, leva muitos consumidores a adquirirem jipes e outro tipo de carros com estrutura elevada.

Quem faz depender a sua importância da altura do pedestal onde vive instalado, desconhece o que realmente faz uma pessoa ser grande. Não se mede pelo tamanho do currículo ou pela carteira de contactos, não é proporcional à intensidade com que se gritam razões ou se agride o adversário, mas depende da fé com que se afirmam convicções e da dignidade que se imprime ao comportamento e torna essa pessoa num ser especial, único, sem que para isso necessite de humilhar os outros ou apontar a sua pequenez, do alto das suas andas.

Quando alguém quer ser importante à custa de andas, corre um sério risco de cair no meio do seu orgulho e desfazer, em ridículo, essa imagem de superioridade.

Querer ser importante aos olhos dos outros não é negativo, mas ao contrário do que alguns julgam, não depende do valor que alguém diz ter, mas da importância que atribui aos outros.

Uma pessoa é tão mais importante quanto mais, à sua volta, ninguém se sentir dispensável, prescindível ou insignificante.

Quem tem medo de não ser importante, o mais certo é não o ser.

(publicado no Açoriano Oriental a 20 Setembro 2010).

Liberdade, igualdade e fraternidade

Divisa associada à revolução francesa, que reúne três princípios fundamentais da vida em sociedade. Liberdade, igualdade e fraternidade são valores que norteiam as democracias ocidentais e fundamentam muitos dos movimentos cívicos em prol dos direitos humanos.

Mas é precisamente no país que inspirou o mundo com estes princípios que, recentemente, foram tomadas medidas contra as minorias mais desfavorecidas, a começar pelos ciganos, que visam abranger todos os cidadãos que “incomodam”, por serem imigrantes e estorvarem a sociedade francesa, brilhante e “glamorosa”, onde parece não haver lugar para sem-abrigo, mendigos, indigentes ou simplesmente para quem não interessa ao país.

O governo francês decretou a expulsão de milhares de ciganos, comunidades inteiras obrigadas a regressar às suas origens. Se não fora o facto de ter sido o presidente do Governo francês a decretar tal medida, dir-se-ia que a proposta partiu dos radicais de direita, que nunca esconderam a xenofobia e o racismo com que encaram as minorias étnicas.

Como pode um país, que se afirma defensor da liberdade, igualdade e fraternidade, pretender eliminar cidadãos, cuja cultura itinerante e fortemente estudada por antropólogos franceses, sempre foi marcada pelo enraizamento temporário e uma actividade económica ambulante?

Como pode um país que se construiu, também, com a ajuda de muitos imigrantes, incluindo portugueses, enxotar aqueles que não conseguiram atingir níveis médios de rendimento e sofrem as consequências de terem aceitado trabalhar sem condições nem garantias; que ocupam os lugares que os franceses rejeitam e vivem em alojamentos de periferia, para onde sempre foram empurrados os que não interessava misturar?

Que cidadania é essa onde os direitos são privilégios de alguns?

Vivemos numa aldeia global e é hipócrita aceitar os imigrantes enquanto trabalham sem condições de segurança e depois recusar-lhes o direito e o apoio à integração, quando perdem o emprego ou a saúde!

Até o Papa reprovou a expulsão dos ciganos e apelou ao acolhimento.

Liberdade significa diversidade. Não é compatível com arrogância, ou silenciamento das vozes contrárias.

A igualdade não anula as diferenças, mas reconhece a humanidade que dignifica o ser humano, qualquer que ele seja, em contexto de integração ou excluído dos padrões ditos normais.

Um país que nega a diversidade que o caracteriza, recusa o direito à integração e escolhe quem pode ser cidadão de direito, não conhece o significado da palavra fraternidade.

Sarkozy associou os ciganos à criminalidade, expulsou comunidades inteiras, porque, supostamente, alguns dos seus membros ameaçavam a segurança do país e prepara-se para “limpar” o país de outros imigrantes, a pretexto de estar a proteger os seus compatriotas. E há franceses que aplaudem, voltando a cara para não ver como vivem esses imigrantes, nem reconhecer como lhes é negado o acesso ao trabalho, ao mercado da habitação ou ao crédito bancário e como são discriminados nas escolas. Esses sim são factores que podem estar na origem da criminalidade.

Liberdade, igualdade e fraternidade, uma divisa esvaziada de sentido por políticos que desrespeitam os direitos humanos.

(publicado no Açoriano Oriental a 13 Setembro 2010)

O segredo da felicidade

Quem não gostaria de descobrir essa fórmula secreta que faria da vida uma alquimia perfeita? Porque viver é enfrentar dificuldades, construir pontes e criar laços, apoiar quem nos rodeia e estender a mão, quando falham as forças e apetece desistir.

Se pudéssemos saber, em momentos de dor, a melhor forma de encarar as perdas e ser feliz apesar disso; se fossemos capazes de não recear os obstáculos e encontrar no esforço e no sofrimento a satisfação de ter conseguido se ultrapassar; se, apesar de termos vivido, continuássemos a ser aprendizes e a ficar felizes com a sabedoria dos outros. Então teríamos encontrado o segredo da felicidade.

Impossível, afirmam os mais cépticos. Como se pode ser feliz, perante a doença, a perda de capacidades, a dor ou as dificuldades?

Mas de que é feita essa felicidade que todos desejam e que, aparentemente, ninguém diz ter alcançado?

De ilusões de beleza, de saúde transitória, de gastos de dinheiro ou de relações de amizade ocasionais e fugazes que se alimentam de mensagens na internet ou de conversas sem conteúdo durante uma festa?

O que constrói a felicidade se não é a vida partilhada, mesmo nas horas mais difíceis; a história exemplar que se deixa por herança aos outros; o sorriso com que sempre se saúda as pessoas e a simpatia que se gera no coração de quem se cruza no caminho!

A felicidade não é dourada, não brilha como o ouro, nem se reduz a nada do que se possa acumular num armário ou numa carteira. Ela deixa marcas na vida das pessoas, é memória que se recorda, exemplo que se transmite, ensinamento que enraíza e transforma a vida de alguém.

Não se confunde com o prazer de ter, mas é sinónimo da alegria de ser. Amigo, presente, ouvinte, conselheiro, referência de pessoa que não se esquece. Exemplo de vida que toca os outros como uma brisa suave.

Os meus pais fizeram cinquenta e dois anos de casados. Não seria nada de extraordinário se não fora o facto de as suas vidas em comum serem para mim um exemplo de felicidade, uma referência de companheirismo e partilha, cujo segredo aos poucos vou descobrindo.

Sempre se aceitaram um ao outro como são; e juntos, sempre foram mais fortes, porque unidos, enfrentaram as dificuldades. Nunca cedem, quando está em causa o amor, nem nunca os vi desistir daquilo em que acreditam.

Há mais de cinquenta anos que dão as mãos como namorados, que se apoiam como amigos, que são um casal referência. São um exemplo de como a felicidade acontece, quando se ama todos os dias e se descobre que nunca somos donos da vida. Há sempre uma nova faceta, um pormenor que desconhecíamos no outro.

Nunca sabemos tudo, nunca podemos dizer que sabemos tudo de alguém. Porque, quando menos esperamos, na curva da vida, somos surpreendidos. E, renasce em nós, uma outra faceta desse amor que dá sentido à união, que se confunde com a força que nos torna felizes.

Quem sabe, talvez seja esse o segredo da felicidade!

 (publicado a 6 de Setembro 2010)

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