Começou um novo ano escolar
O primeiro dia de aulas traz sempre um misto de nervosismo e alegria, vontade de descobrir e aprender misturada com saudade das férias. Na mochila pesam os livros novos e os cadernos por estrear. Felizmente para alguns, agora, são gratuitos. E ainda bem, deveria ser para todos!
Quase todos os anos, por esta altura, o custo dos livros escolares é motivo de notícia.
Sem por em causa as reais dificuldades de algumas famílias, esta reação dos pais perante o preço dos manuais reflete alguma resistência das famílias em investir na educação. Nunca se ouviu alguém reclamar do custo do televisor que comprou para ver jogos do mundial de futebol.
Quando se trata da educação escolar, mais facilmente se nivela por baixo.
E, em parte, esta atitude explica o facto de, em 2017, 70% da população açoriana com mais de 15 anos não tinha atingido o ensino secundário e 28% dos jovens entre 18 e 24 anos estavam fora da escola, sem terem cumprido a escolaridade obrigatória. Apesar da diminuição significativa que se verificou nos Açores entre 2011 (40%) e 2017 (28%), há ainda demasiados jovens a abandonarem a escola, sobretudo rapazes.
Nem sempre quem abandona a escola o faz por ter insucesso ou incapacidade para aprender. Nessa decisão, pesam mais a pressão familiar e a ilusão de que, um emprego, mesmo que precário, trará autonomia e sentido de responsabilidade.
No entanto, está mais do que provado que, um baixo nível escolar significa um salário médio mais baixo e um risco acrescido de ficar no desemprego.
Mas, estudar não é apenas ter acesso a um mercado de emprego qualificado. Significa, também, colocar a si próprio desafios, metas. Neste sentido, alcançar um diploma transforma-se numa razão para investir e ter gosto em saber mais sobre uma determinada área de conhecimento. Para além disso, estudar favorece uma maior capacidade de autorreflexão; sobre medos, competências, relação com os outros e capacidade de trabalho e cooperação.
Cada vez mais, os estabelecimentos de ensino estão longe de ser lugares de memorização de conhecimentos. Proporcionam um tempo de descoberta e, no caso das universidades, transformam os jovens em adultos, reforçando a sua autonomia e o sentido de responsabilidade.
Porquê estudar? Porque melhora o acesso ao mercado de emprego mas também porque aumenta o espírito crítico, a capacidade de pensar e de fazer escolhas, o empreendedorismo e, sobretudo, a realização e a satisfação pessoal.
Começou um novo ano letivo e, nalgumas famílias, começou a correria entre atividades extraescolares. Apesar dos benefícios que todas essas atividades podem trazer, nem sempre a criança é ouvida. Em muitos casos, o seu quotidiano fica sobrecarregado com demasiadas obrigações extraescolares, restando pouco tempo para brincar, para se divertir e conviver.
Chegados à universidade, alguns desistem de todas essas atividades o que acaba por ser contraproducente. Um jovem que saiba conciliar uma área de interesse, seja a prática desportiva ou a música, as artes plásticas ou a dança, está mais preparado para conciliar a vida pessoal com as exigências do estudo.
Um novo ano escolar começou. Às universidades portugueses chegaram menos jovens do que em anos anteriores, talvez por terem sido aliciados, em particular os rapazes, para aceitarem um emprego pouco qualificado. As raparigas, essas continuam a encher os bancos das universidades e hoje representam 60% dos diplomados do ensino superior.
Este é um desequilíbrio que urge corrigir. Precisamos de reforçar a qualificação das novas gerações, aumentando a presença de rapazes e de raparigas em todas as áreas de formação.
O ano escolar começou, mais uma etapa no percurso, de cada estudante, na busca de novos horizontes de conhecimento.