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SentirAilha

Viva! Este é um espaço de encontro, interconhecimento e partilha. Sentir a ilha que cada um é, no mar de liberdade que todos une e separa... Piedade Lalanda

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Viva! Este é um espaço de encontro, interconhecimento e partilha. Sentir a ilha que cada um é, no mar de liberdade que todos une e separa... Piedade Lalanda

Sou republicana

Nasci numa República, cresci em tempos de ditadura e quando atingia a juventude, vivi, de início sem entender o quanto era importante, a instauração da democracia em Portugal. Hoje considero-me, republicana e intrinsecamente democrata.

Não imagino o que seria viver numa monarquia, apesar de reconhecer que outras democracias europeias cresceram sem derrubar esse regime, como acontece na Espanha, na Inglaterra ou na Holanda.

Apesar disso, não posso negar que a vida política nesses países parece acontecer fora dos palácios e da realeza. Os monarcas, reis, príncipes e princesas, que os representam, são mais falados nas revistas cor-de-rosa, do que associados a decisões políticas significativas e de referência nos seus países. O mesmo já não se pode dizer dos presidentes da República, figuras que intervêm, medeiam conflitos e afirmam a identidade nacional fora de portas. Pessoas de mérito que, mesmo não exercendo o cargo, continuam a merecer o respeito dos seus concidadãos.

Por muito que os monárquicos pretendam fazer crer, a democracia representativa e a livre escolha do presidente da República, são direitos que dificilmente poderão ter um equivalente na lógica sucessória dos laços de sangue que determinam a escolha de um monarca.

Sou republicana por tudo isto e porque os ideais que levaram à revolução de 1910, continuam a ser princípios estruturantes da sociedade portuguesa em que vivo.

Combater o analfabetismo, que atingia mais de 70% da população em 1910 e generalizar o acesso à educação em todo o país; afirmar a separação de poderes entre a Igreja e o Estado; legalizar os casamentos civis e institucionalizar o divórcio, defender a igualdade de direitos entre homens e mulheres; proteger a infância e a velhice; extinguir a diferenciação dos portugueses por via dos títulos nobiliárquicos e reconhecer o direito à greve, foram algumas das medidas propostas no primeiro governo republicano e consagradas na Constituição de 1911.

Independentemente dos governos que Portugal teve durante os cem anos da República, dificilmente podemos negar que o país revoltou-se não apenas contra a monarquia, mas em defesa dos direitos de cidadania e do que o século XX viria a consignar como direitos humanos.

Sou republicana, não por ter nascido há quase cinquenta anos, mas porque reconheço na sociedade de direito, que é a República, o sistema que melhor responde e concretiza a justiça social, o direito universal à educação e à saúde e sobretudo, permite a liberdade de pensamento, credo ou religião.

Sonho com uma sociedade plural, do ponto de vista ideológico, tolerante em termos sociais, ecuménica em termos religiosos e diversa no que toca a tradições e padrões culturais.

Luto pela coesão, a integração e a partilha entre diferentes, na procura das soluções que melhor respondem a uma sociedade diversa.

Longe vão os tempos dos impérios e em que se fazia história, coleccionando conquistas de terras ou domínio sobre povos.

A riqueza dos povos e dos governos está nas redes, discute-se em cimeiras e decide-se em parlamentos e assembleias. Ganha com a participação dos cidadãos e enriquece-se através da multiplicidade de organizações que, nas comunidades, procuram dar resposta às necessidades humanas.

Sou republicana, por isso, junto-me às vozes que no dia 5 de Outubro dirão: Viva a República!

(publicado no Açoriano Oriental de 3 de Outubro 2010)

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