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SentirAilha

Viva! Este é um espaço de encontro, interconhecimento e partilha. Sentir a ilha que cada um é, no mar de liberdade que todos une e separa... Piedade Lalanda

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Viva! Este é um espaço de encontro, interconhecimento e partilha. Sentir a ilha que cada um é, no mar de liberdade que todos une e separa... Piedade Lalanda

Votar, é preciso!

Votar não é apenas um dever e um direito, é uma necessidade. É preciso ir votar no próximo domingo.

É necessário votar, para que a democracia aconteça; não há “governo do povo” sem o povo ser ouvido, na escolha dos seus representantes e, sobretudo, na decisão sobre o projeto político que quer ver concretizado. 

Nas últimas eleições regionais (2020), mais de metade dos eleitores (54,6%) não votou. Nesse ano, eram 228.572 os eleitores, o que significa que 124.800 não manifestaram a sua orientação de voto. Em 2024, os cadernos eleitorais regionais registam mais 1349 eleitores, totalizando 229.921. A quem interessa a abstenção? Quem ganha com a não participação dos cidadãos?

Votar é necessário, porque é um ato de liberdade. Há cinquenta anos atrás, votar não era uma escolha, mas apenas a validação pública de quem detinha o poder. Ninguém julgaria possível, mas, em Portugal, já houve eleições onde, quem escolhesse votar na oposição teria de colocar na urna um voto de cor diferente.

Votar é necessário, porque é um ato de cidadania, um poder que só os cidadãos de maior idade possuem, por ser uma decisão responsável, adulta, da qual depende o futuro da região, do país e até da Europa.

Votar é necessário, porque é a forma democrática de os cidadãos, devidamente informados, escolherem um determinado projeto político. Só a informação dá poder para discernir propostas realizáveis, de promessas demagógicas e inconsequentes.

Votar é necessário e fundamental, para que possamos todos contribuir para a construção do projeto de sociedade que queremos. Pessoalmente, acredito que podemos ambicionar mais justiça social e menos desigualdades, mais direitos de participação e menos abusos de poder. Vamos festejar 50 anos de democracia e, se não queremos apagar a memória, é bom lembrar que no país, antes de 1974, mais de 30% da população era analfabeta, uma condição que servia a ditadura, que se impunha sem contestação. Foi com a democracia que o país viu nascer o sistema de saúde, em 1979. Mesmo criticável, todo o cidadão em Portugal pode receber cuidados de saúde, sem ter, como em outros países, de pagar, obrigatoriamente, um seguro. Pensemos ainda no quanto beneficiamos com a segurança social, mesmo que imperfeita; contamos com os apoios sociais na doença ou quando nasce uma criança, na velhice ou na falta de rendimentos suficientes para sobreviver.  O país ou a região sem apoios sociais, teria mais do dobro da atual taxa de risco de pobreza.

Votar é necessário, porque nos obriga a pensar no que queremos para a nossa região ou país. Olhemos para as traves mestras da “casa comum” onde vivemos, a nossa região Açores. Se aí virmos a democracia, a liberdade, a solidariedade, o respeito pela dignidade humana e a defesa da igualdade de oportunidades, então não podemos entregar o governo dessa casa a qualquer um. Só quem defender esses valores, não irá por em risco a autonomia regional.

Votar é necessário, porque é um direito de cada um de nós. Ninguém o pode exercer em meu nome, nem decidir o que quero para a minha região. Mais do que nunca, tenho a certeza que quero viver numa região com menos pobreza e mais desenvolvimento; ambiciono uma região com mais riqueza, mas melhor distribuída; desejo viver e respirar em paz e viver em segurança.

Votar é necessário, não se esqueça. Vá votar no dia 4 de fevereiro; não permita que outros decidam sem o terem ouvido.

(texto publicado no jornal Açoriano Oriental de 30 janeiro 2024)

Defender Portugal e proteger os Açores

Ainda restam por aí algumas bandeiras de Portugal, penduradas em varandas e janelas, desde o Europeu de 2004. Não faltou quem considerasse esse gesto, uma prova do patriotismo e do grande amor dos portugueses ao símbolo nacional.

Defender Portugal, ter orgulho em ser português são princípios que consideramos justos, correctos e dignos.

Vivemos tempos difíceis e, numa atitude patriótica, não é de estranhar as vozes que se levantaram contra uma interferência externa, na sequência da escalada especulativa dos investidores e da pressão das agências de “rating”.

Uma pressão irracional que pode ter origem no aumento das despesas do Estado, mas também resulta, de uma forma relevante, do endividamento das empresas e das famílias. Por falta de planeamento, esforço ou visão, muitas não conseguiram aguentar o embate da crise internacional. Não foi certamente por termos salários acima da média europeia, que não temos. Não foi com certeza por termos uma população altamente qualificada, porque infelizmente ainda somos deficitários nesse domínio. Muito menos foi por termos um tecido empresarial moderno.

No entanto, os analistas não negam que em todos esses domínios estávamos e estamos a fazer um esforço de mudança. “A crise não resulta da actuação de Portugal (…) o seu défice orçamental é inferior ao de vários outros países europeus e tem estado a diminuir rapidamente, na sequência dos esforços governamentais nesse sentido”, escrevia há poucos dias Robert Fishman no “The New York Times”.

Mas também é certo que, sem o envolvimento de todos, não se muda o país. E não é fácil, quando por exemplo, fechar escolas do primeiro ciclo com menos de vinte alunos e sem condições provoca uma onda de protestos, ampliada pela comunicação social; melhorar o acesso a cuidados de saúde com qualidade, gera descontentamentos, porque se encerram pequenas unidades sem condições.

As mudanças em Portugal são lentas. A muito custo se consegue racionalizar e diminuir despesas e garantir uma melhor qualidade de vida às populações.

Defender Portugal é ter o arrojo de acreditar que temos de mudar, transformar, qualificar e renovar, a um ritmo superior à média europeia, se nos queremos aproximar de níveis de vida condignos e não ficar à mercê de especuladores.

Somos um país pequeno, marginal, numa Europa de grandes e, por isso, Portugal foi vítima de uma crescente descredibilização vinda de agências de “rating”, entidades quase virtuais, dominadas por interesses pouco claros, que não olham a meios nem estão preocupadas em defender o esforço que os países possam estar a fazer para crescer de modo próprio.

E o que fizeram aqueles que não estando no poder, tinham responsabilidades políticas?

Em vez de elevarem a bandeira nacional nas janelas da sua consciência e defenderem Portugal acima de qualquer outro interesse imediato, entenderam que a crise financeira era uma oportunidade para se afirmarem como “salvadores da pátria”. Alucinados com a hipótese de chegar ao poder, esqueceram-se que estavam a arrastar o país para medidas de austeridade ainda mais gravosas.

Onde estava o patriotismo, quando os partidos na oposição se regozijaram com eleições antecipadas, que vão custar 18 milhões de euros? Qual é a defesa de Portugal, perante o agravamento previsto da qualidade de vida dos portugueses?

Infelizmente, há quem facilmente cante o hino e levante a bandeira, em jogo da selecção, mas, quando é preciso unir esforços para afirmar a nossa identidade, se esqueça de defender Portugal.

Defender Portugal é proteger os Açores e afirmar a nossa identidade na unidade do país.

(publicado no Açoriano Oriental, 18 de Abril 2011)

Abstenção, sinal de indiferença

 

O comportamento abstencionista do povo português, particularmente nos Açores no último acto eleitoral, expressa uma falta de sentido de responsabilidade. Ser responsável é assumir a obrigação sem ser obrigado, agir em função do que se acredita e ter consciência de que o bem comum também depende da minha participação.
Passando ao lado da mesa de voto, os abstencionistas, indiferentes, fizeram com que apenas um terço dos cidadãos portugueses definisse os resultados eleitorais.
Quando uma sociedade de adultos se demite de participar, o que espera dos seus jovens? Que modelo de cidadania se transmite com a abstenção? Recordemos que entre as eleições europeias de 2004 e as que ocorreram neste ano de 2009, o número de cidadãos inscritos nos cadernos eleitorais aumentou nos Açores 19,3%, sobretudo jovens que atingiram a maioridade. Quase tantos como os que votaram a 7 de Junho de 2009, 21,7%.
A abstenção num acto eleitoral não é sinónimo de descontentamento, posição activa que se pode ler na duplicação de votos em branco ou nulos.
A abstenção, tal como as faltas não justificadas, reflecte desinteresse, indiferença, alienação e delegação da responsabilidade, apesar de para muitos ser apenas a consequência de um “esquecimento”.
Dificilmente Portugal ganha força no contexto europeu com níveis tão elevados de abstenção.
Mas porque motivos os cidadãos preferiram não votar nas Europeias?
A abstenção pode ser sintoma de falta de acesso à informação ou recusa de uma mensagem desajustada e pouco pedagógica. Afinal qual é a relação do cidadão com a Europa? Que influência podem ter as decisões do Parlamento Europeu na vida de todos os dias?
Mas se no Direito, a ignorância da lei não é justificação para o seu incumprimento, nas sociedades democráticas actuais a falta de informação é cada vez menos uma justificação credível, quando bastaria um clique no comando do televisor ou a escolha de uma página na internet, para ter acesso a alguma dessa informação.
Continuamos a ser um país pequeno, que se acomoda à dificuldade e nela se inspira para cantar o fado. Um país onde é necessário incentivar o empreendedorismo, que naturalmente se assumiu nos tempos da expansão portuguesa ou que os emigrantes experimentam além fronteiras sem apoios especiais.
Podemos fazer melhor. Não será certamente mudando de povo, como diriam alguns, mas aumentando a nossa consciência cívica, em defesa do bem comum. Nem é esperando do Estado a resposta para todos os nossos problemas, mas aprendendo com as dificuldades que conseguiremos resistir e ultrapassar os efeitos da crise que o País atravessa.
Se não controlarmos o nosso próprio destino, fazendo opções no momento próprio, alguém o fará por nós.
Hoje, mais do que nunca, e no quadro do ciclo eleitoral que atravessamos faz sentido citar Michael Jordan quando afirmou “uns querem que algo aconteça, outros desejam que pudesse acontecer, outros, ainda, fazem com que aconteça”. Em que categoria julga estar?
(Publicado no Açoriano Oriental de 15 de Junho 2009)

Confundir para reinar

Nesta campanha eleitoral para as legislativas há quem queira confundir, por ventura com a pretensão de assim poder reinar.

Quando foram divulgadas as listas do PSD, a presença de três autarcas de S. Miguel foi objecto de reacções de vária ordem, inclusive levou ao parecer da CNE confirmando a obrigação de suspensão do mandato por parte desses candidatos, como determina a lei.

Mas essa seria uma consequência de menor valia, não fora a confusão que pretendem criar no acto eleitoral, particularmente nas freguesias de Ponta Delgada, nomeando a candidata a deputada como Presidente (da Câmara Municipal de Ponta Delgada). Fazem por esquecer as próprias palavras da Dra. Berta Cabral, quando afirmou que o seu compromisso é com os munícipes de Ponta Delgada. E o que a leva apelar ao voto nas legislativas? Um teste à sua popularidade, quem sabe para depois avaliar, por comparação com o verdadeiro candidato do PSD a Presidente do governo, o Dr. Costa Neves, quem dos dois tem maior popularidade junto do eleitorado social-democrata?

As eleições Regionais deveriam merecer mais respeito por parte dos candidatos. Integrar uma lista é assumir um compromisso com os eleitores, é dar corpo a um projecto político, é demonstrar disponibilidade para servir, neste caso no órgão máximo do poder regional, a Assembleia Legislativa da Região Autónoma dos Açores. “Ninguém pode servir a dois senhores”, nem se pode ser eleito para ocupar em simultâneo dois lugares. Se o cargo de Presidente da maior autarquia dos Açores merece o respeito que a Dra. Berta Cabral pretende demonstrar, o que espera conseguir com estas eleições regionais? Ir buscar votos à custa do prestígio que a Câmara lhe dá, para depois, saltar do barco quando este começar a andar?

Ser eleito é um privilégio que se deve à confiança que os eleitores depositam num grupo de pessoas, que hoje escolhem e amanhã avaliam no trabalho que desenvolvem. Trair essa confiança é servir-se desse lugar e do prestígio que essa posição pode trazer e iludir o eleitorado.

Se esta confusão ocorre, em parte também se deve ao baixo grau de literacia política do nosso povo. As suas preocupações oscilam muitas vezes entre o que podem esperar da junta de freguesia, da Câmara ou do Governo. E nem sempre estes três níveis de intervenção estão claros e são complementares. Perante mais um acto eleitoral e enfrentando candidatos que são eles próprios presidentes de câmara, um eleitor menos esclarecido pode ficar confundido.

Felizmente, apesar do risco que a confusão lançada pode vir a criar, acreditamos que o povo açoriano está mais maduro, mais consciente e atento e, ao contrário do que esses candidatos esperam, irá destrinçar as águas e escolher quem realmente quer para Presidente do Governo.

Estas são eleições para o Parlamento regional e o voto de cada cidadão deve contribuir para escolher a lista que, em cada uma das ilhas, reúne os melhores candidatos, que aceitam estar ao serviço da Assembleia ou do Governo que dela emanar e estão dispostos a colocar o seu esforço em prol do desenvolvimento dos Açores!

(publicado no Açoriano Oriental de 13 Outubro 2008)

Em campanha!

O povo é sábio e crítico. Sabe quem quer ver a governar na sua junta de freguesia, na câmara ou no governo. Aposta nas pessoas e avalia, dia após dia, o trabalho e o empenho que cada governante coloca na sua actuação.

Todos os pequenos ou grandes gestos contam. A atenção com que escutaram as suas preocupações, a rapidez com que um problema ficou resolvido ou a frontalidade com que recusaram um outro pedido. Em todas estas ocasiões, os políticos são avaliados, considerados ou não. E o povo sabe bem o que pode esperar de cada um deles.

Não vale a pena evitar o contacto, por medo das reclamações ou do desespero daqueles que ainda esperam. Mais vale uma explicação fundamentada, porque há sempre razões que todos entendem, do que disfarçar esquecimentos e manipular com palavras vazias de conteúdo.

Em tempo de campanha eleitoral é escusado deitar abaixo o que é obra consolidada, porque as pessoas sabem reconhecer o trabalho feito. De nada serve procurar fragilidades pessoais para derrubar um adversário. É pela positiva que os candidatos se devem mostrar, porque é dessa força que as pessoas precisam. Precisam de sentir que, mesmo esporádica, a visita dos candidatos à sua rua é importante. Podem falar das necessidades da sua freguesia, muitas vezes do lugar ou da rua onde moram e assim, lembrar a quem está no governo, a quem ocupa um lugar no Parlamento ou num órgão de poder local, que para se ser feliz não bastam obras, se elas se transformarem em lugares sem uso, não bastam estradas, se elas não melhorarem o acesso das pessoas ao trabalho, aos hospitais e às escolas.

Durante a campanha eleitoral, sentimos o quão importante são os afectos, o contacto pessoal e o carinho com que as pessoas recebem quem lhes estende a mão para dizer “bom dia, não se esqueça de votar”, porque é a sua oportunidade de escolher quem a governa. Mas, apesar de vivermos em democracia há mais de trinta anos, há ainda quem não valorize este direito e não esteja recenseado. Porque não vale a pena, o governo não me agrada, diz um jovem! E então, vais deixar que outros escolham o governo sem a tua participação? Incoerências e inconsistências de uma cidadania pouco activa.

Não longe deste jovem, uma senhora de noventa anos acolhe com alegria a perspectiva de votar. Nunca fico em casa no “dia dos votos”. É reconfortante ver os mais idosos entusiasmados com as eleições, usufruindo de um direito que lhes foi negado no passado, sem medo que “alguém lhe corte a pensão”.

Por estranho que pareça, são os jovens que importa cativar, pois muitos não dão importância ao acto eleitoral, quem sabe porque sempre viveram em liberdade. Será altura de questionar e equacionar o papel da escola nesta matéria e retomar a formação cívica dos mais novos, apostando na formação política dessas gerações, como outrora os seus pais receberam em disciplinas como “introdução à política”.

Campanha, tempo de avivar a consciência cívica e relembrar o direito e o dever que todos tempos de votar.

(publicado no Açoriano Oriental de 6 de Outubro 2008)

Sabia que há eleições regionais a 19 de Outubro?

Por estranho que pareça, há quem ainda não se tenha apercebido que no próximo dia 19 de Outubro o povo açoriano irá eleger um novo parlamento, desta vez, segundo os termos da lei eleitoral revista em 2007, que inclui o círculo regional. Estamos a menos de um mês das eleições regionais que, pela primeira vez, envolvem apenas a Região Autónoma dos Açores, uma vez que na Madeira, a oitava legislatura foi interrompida a meio do mandato.

Um acto eleitoral é sempre um convite à participação cívica, manifestação do poder que em democracia é de todos; expressão do apoio que cada um dá aos candidatos apresentados pelos partidos políticos; gesto de aprovação das linhas orientadoras que estruturam as diferentes candidaturas e programas eleitorais.

Negar a si mesmo a oportunidade de votar é demitir-se da sua responsabilidade; é calar a sua voz, mesmo que alguns pensem que um voto é muito pouco. Esquecem-se dos portugueses que foram perseguidos e até presos, antes do 25 de Abril, por lutarem por esse direito e das mulheres a quem foi negado o direito de voto durante décadas. Votar é um privilégio de cidadãos livres que apela à consciência de cada um. É um dever cívico, mesmo que isso não implique penalizações, quando não cumprido. Todos os eleitores são importantes, porque é a vontade de cada um e do colectivo que se manifesta num acto eleitoral. É habitual dizer-se, “por um voto se ganha, por um se perde”.

As eleições de 19 de Outubro são um momento político importante para o desenvolvimento dos Açores nos próximos quatro anos, desde logo porque os açorianos são convidados a escolher quem querem para chefe do governo.

Até 19 do próximo mês, os candidatos desdobram-se em acções de campanha, conversam nas ruas com os residentes, participam em comícios ou em eventos com cobertura mediática. Apesar de alguns dizerem, “só vemos os partidos nas ruas de quatro em quatro anos”, a campanha eleitoral é sempre uma oportunidade para as populações conhecerem de perto as pessoas que integram as listas de candidatos e assim votarem não apenas num símbolo, mas em quem julgam melhor representar os seus interesses no parlamento e no governo que dele emanar.

Em tempo de campanha, no meio de brindes e panfletos e ao som de hinos e músicas de campanha, o mais importante é passar uma mensagem de confiança, que não sejam só promessas, mas a demonstração de capacidade e vontade de trabalhar e servir.

Eleições, tempo de argumentação contraditória, em que se buscam fragilidades no adversário, para reforçar posições. Lugar à controvérsia, mas também lugar ao esclarecimento. Por muito que se disfarce, em tempo de campanha eleitoral, a verdade das pessoas vem ao de cima, “como o azeite” e, num confronto saudável, emergem linhas de pensamento e acção, formas de fazer política. Entre candidaturas que se opõem, destacam-se os valores, princípios e as posições de quem aceitou o desafio de participar num determinado projecto político.

Em tempo de campanha é importante escutar para melhor escolher.

Votar é um dever de cidadania, que ninguém deveria esquecer. Para os mais distraídos, talvez não fosse má ideia, registar um lembrete na agenda ou no telemóvel, porque o próximo dia 19 de Outubro é dia de eleições.

(publicado no Açoriano Oriental de 29 Setembro 2008)

Horizonte eleitoral

As eleições aproximam-se! Os mandatos terminam e é tempo de avaliar o trabalho efectuado, contabilizar vitórias, reconhecer as falhas e perspectivar estratégias para enfrentar velhos ou novos problemas.

Em tempo de campanha todos comentam, discutem e opinam sobre o que está bem e o que precisa de ser mudado. É fundamental fazer balanços, que não sejam apenas actos de acusação, mas momentos de reflexão e participação activa, seja por parte de quem foi executivo, eleito, seja por parte de quem elege. Somos todos parte integrante da mesma comunidade e, por esse facto, cada um à sua maneira, é corresponsável pelos resultados das medidas entretanto aplicadas.

Um pouco por todo o lado, começam a surgir os sinais da campanha eleitoral. Frases, que apelam à consciência dos cidadãos, esvoaçam no meio de outras, de cariz mais comercial. Contrastes de ideias e de sentidos, que nos obrigam a reflectir sobre o que realmente pode motivar os eleitores e os faz acreditar no conteúdo dessas frases e nas pessoas que irão surgir em nome de cada um dos partidos.

Com as frases: “Uma nova ambição para os Açores” e “É bom ser Açoriano”, o Partido Socialista arrancou a pré campanha. Por sua vez, o Partido Social-Democrata apostou na expressão “Melhor é possível” associada a frases que tocam as angústias dos potenciais eleitores (listas de espera, desemprego), sentimentos que parecem partilhar os candidatos do PSD, na medida em que afirmam “temos muito em comum”.

Estas frases de campanha parecem configurar duas formas de encarar o futuro: o PS com uma visão positiva e enraizada no que de melhor têm as pessoas, a sua ambição de ser; e o PSD revelando um visão mais pessimista e ensombrada do quotidiano, que reforça a lamúria acomodada. Olhar em frente ou lamentar o presente, atitudes contrárias que fazem a diferença em política. A primeira apela à crença em si próprio e projecta o futuro sem desistir da ambição de construir uma sociedade mais desenvolvida, justa e respeitadora da igualdade de oportunidades e do bem comum. A queixa e a justificação permanente para os insucessos; a lamúria e o queixume mostram uma outra forma de fazer política, que se alimenta da crítica fácil, sem provocar a mudança. Identifica os efeitos secundários de medidas eficazes, realçando as dificuldades, sem reconhecer as transformações estruturais.

A política, como a vida, não é compatível com derrotismos e visões dramáticas e angustiadas da realidade.

Sem negar os problemas, há que os encarar com realismo e agir de forma a tocar a sua raiz. Porque a superficialidade até pode ficar bem, mas é cosmética que ilude e nada resolve.

Eleições! De novo confrontados com uma escolha. Pela leitura dos cartazes que começam a aparecer, uma conclusão podemos tirar: podemos escolher entre a esperança e a ambição de ser e de conseguir ou o pessimismo acomodado e a queixa de não ter conseguido.

(publicado no Açoriano Oriental de 25 Agosto 2008)

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