Saltar para: Post [1], Pesquisa e Arquivos [2]

SentirAilha

Viva! Este é um espaço de encontro, interconhecimento e partilha. Sentir a ilha que cada um é, no mar de liberdade que todos une e separa... Piedade Lalanda

SentirAilha

Viva! Este é um espaço de encontro, interconhecimento e partilha. Sentir a ilha que cada um é, no mar de liberdade que todos une e separa... Piedade Lalanda

Vista grossa à ilegalidade

Casas em meio rural, alteadas e acrescentadas, ao sabor das mãos de um qualquer mestre de obras! Obras, sem projeto, nem indicação de licença camarária para realização de obras! A descaracterização do património rural parece escapar ao olhar da fiscalização e de quem devia pugnar pela defesa da cultura local.

O património construído não significa, apenas, edifícios classificados. Uma casa rural, um muro de pedra seca ou um fontanário fazem parte da história do nosso povo. Por isso, qualquer intervenção que descaracterize esse património deve cumprir regras, em harmonia com a história e a identidade coletiva de quem nos antecedeu.

Infelizmente, o poder local, a quem compete fiscalizar, faz vista grossa perante obras abusivas, a exemplo do cimento que está sendo atirado às paredes de um antigo solar nas Capelas, destruindo a traça da sua fachada. Mas, como pode alguém fiscalizar, se não reconhece a diferença entre reabilitação de património construído e recuperação de uma habitação ao gosto de quem o faz?

É importante entregar a tarefa de avaliar as irregularidades, cometidas contra edifícios com história, a quem possui formação específica e pode, em diálogo com os proprietários, zelar pela correta aplicação dos instrumentos legais, projetar intervenções com recurso a materiais adequados, evitando que a volumetria dos edifícios não destrua a nossa paisagem rural.

Somos herdeiros, não apenas de monumentos mas, de habitações rurais, recantos naturais, baías ou zonas verdes, com décadas ou séculos, que deveriam merecer atenção por parte dos eleitos locais.

Não é admissível que obras sem projeto se transformem em factos consumados. As autoridades concluem que já nada se pode fazer, paga-se uma multa e fica o assunto arrumado.

A defesa do património construído, seja uma simples casa rural ou um palacete do século XVII, deve merecer o mesmo cuidado, a mesma preocupação. São marcas da nossa história, da identidade do povo a que pertencemos.

No entanto, reabilitar não é regressar ao passado. É possível modernizar sem descaracterizar. Melhorar as condições de conforto e de segurança, não tem de comprometer a história. Moderno e antigo podem conviver num mesmo espaço, numa linguagem que permita reconhecer o que fomos, somos e queremos ser.

As câmaras municipais, supostamente, exigem um letreiro que afixe a autorização de obra, a finalidade da intervenção e a duração da mesma. Bastaria que a polícia municipal, ou quem fiscaliza, verificasse esse requisito e muitas das obras sem projeto seriam interrompidas ou até evitadas.

Mas porque não o fazem sistematicamente? Quando fecham os olhos a uns, acabam por fechar a outros.

O desenvolvimento de um país não se mede por sacos de cimento, apesar de ser um critério utilizado para avaliar o crescimento económico. Mas, desenvolvimento e crescimento não são a mesma coisa.

Se queremos uma região desenvolvida, há que promover a consciência cívica de todos, defendendo o valor das pequenas coisas, das construções mais simples, mas onde a vida do nosso povo aconteceu e acontece. Lugares de vida, trabalho ou natureza, fazem parte do património que vamos deixar por herança às gerações vindouras.

(artigo publicado no jornal Açoriano Oriental de 15 Maio 2018)

 

Mais sobre mim

imagem de perfil

Visitantes

Arquivo

  1. 2024
  2. J
  3. F
  4. M
  5. A
  6. M
  7. J
  8. J
  9. A
  10. S
  11. O
  12. N
  13. D
  14. 2023
  15. J
  16. F
  17. M
  18. A
  19. M
  20. J
  21. J
  22. A
  23. S
  24. O
  25. N
  26. D
  27. 2022
  28. J
  29. F
  30. M
  31. A
  32. M
  33. J
  34. J
  35. A
  36. S
  37. O
  38. N
  39. D
  40. 2021
  41. J
  42. F
  43. M
  44. A
  45. M
  46. J
  47. J
  48. A
  49. S
  50. O
  51. N
  52. D
  53. 2020
  54. J
  55. F
  56. M
  57. A
  58. M
  59. J
  60. J
  61. A
  62. S
  63. O
  64. N
  65. D
  66. 2019
  67. J
  68. F
  69. M
  70. A
  71. M
  72. J
  73. J
  74. A
  75. S
  76. O
  77. N
  78. D
  79. 2018
  80. J
  81. F
  82. M
  83. A
  84. M
  85. J
  86. J
  87. A
  88. S
  89. O
  90. N
  91. D
  92. 2017
  93. J
  94. F
  95. M
  96. A
  97. M
  98. J
  99. J
  100. A
  101. S
  102. O
  103. N
  104. D
  105. 2016
  106. J
  107. F
  108. M
  109. A
  110. M
  111. J
  112. J
  113. A
  114. S
  115. O
  116. N
  117. D
  118. 2015
  119. J
  120. F
  121. M
  122. A
  123. M
  124. J
  125. J
  126. A
  127. S
  128. O
  129. N
  130. D
  131. 2014
  132. J
  133. F
  134. M
  135. A
  136. M
  137. J
  138. J
  139. A
  140. S
  141. O
  142. N
  143. D
  144. 2013
  145. J
  146. F
  147. M
  148. A
  149. M
  150. J
  151. J
  152. A
  153. S
  154. O
  155. N
  156. D
  157. 2012
  158. J
  159. F
  160. M
  161. A
  162. M
  163. J
  164. J
  165. A
  166. S
  167. O
  168. N
  169. D
  170. 2011
  171. J
  172. F
  173. M
  174. A
  175. M
  176. J
  177. J
  178. A
  179. S
  180. O
  181. N
  182. D
  183. 2010
  184. J
  185. F
  186. M
  187. A
  188. M
  189. J
  190. J
  191. A
  192. S
  193. O
  194. N
  195. D
  196. 2009
  197. J
  198. F
  199. M
  200. A
  201. M
  202. J
  203. J
  204. A
  205. S
  206. O
  207. N
  208. D
  209. 2008
  210. J
  211. F
  212. M
  213. A
  214. M
  215. J
  216. J
  217. A
  218. S
  219. O
  220. N
  221. D
  222. 2007
  223. J
  224. F
  225. M
  226. A
  227. M
  228. J
  229. J
  230. A
  231. S
  232. O
  233. N
  234. D